Voo da easyJet com destino à Madeira cancelado devido à greve dos trabalhadores da Portway
Os trabalhadores da empresa de ‘handling’ Portway iniciaram hoje, às 16 horas, uma greve no aeroporto do Porto, que deverá cancelar 20 voos, disse à Lusa fonte do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC). Entre estes, está um voo com destino à Madeira, que teria chegada prevista às 19h50, mas que segundo a página online do Aeroporto da Madeira foi cancelado.
Cancelados estão também outros oito voos, com destino a Paris, Luxemburgo, Dusseldorf, Basileia, Genebra e Londres.
Em declarações à Lusa, Fernando Simões, do SINTAC, avançou que os trabalhadores de ‘handling’ (assistência em terra nos aeroportos) da Portway no Porto estão em greve desde as 16 horas de hoje, à semelhança do que aconteceu entre 27 e 29 de Dezembro passado.
“Os trabalhadores decidiram, num ato inesperado, e com grande surpresa para nós, fechar as operações desde as 16 horas, pelo que são cancelados os 20 voos programados para hoje”, disse Fernando Simões, acrescentando que a gare do aeroporto do Porto se encontra “totalmente lotada com passageiros a querer saber mais informações”.
Segundo o sindicalista, serão afectados cerca de 3.800 passageiros.
Os trabalhadores da Portway estão em greve sobretudo pela falta de progressão das carreiras e por a empresa não ter chegado a acordo na reunião que teve, juntamente com os sindicatos, na semana passada no Ministério do Trabalho.
“A reunião foi muito rápida porque a empresa chegou e quis revogar o acordo de empresa. Não quer negociar a progressão nas carreiras nem negociar”, disse o sindicalista, acrescentando que a Portway se sentiu “incomodada” por a reunião decorrer no Ministério do Trabalho, “onde há atas que referem a verdade dos acontecimentos”.
Segundo o sindicalista, a empresa, durante a reunião, demonstrou “um total desrespeito por todos ao vir dizer que tem de ser um acordo novo e que quem não o aceita não é bem vindo”.
De acordo com Fernando Simões, a Portway “ameaçou os trabalhadores que se fizessem greve iam ser despedidos”.
Em 20 de Dezembro transato, o SINTAC anunciou um pré-aviso de greve na Portway para os dias 27, 28 e 29 de Dezembro nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro e Funchal e para o trabalho aos fins de semana, entre 1 de Janeiro e 31 de Março.
Na altura do pré-aviso de greve, o SINTAC, em comunicado, indicou que decidiu avançar para a greve, porque a empresa, “através dos seus administradores pertencentes ao grupo Vinci, “não cumpriu o devido descongelamento de carreiras no passado mês de novembro conforme tinha assinado em 2016”.
A Portway é a empresa de “handling” (assistência em terra) da ANA -- Aeroportos de Portugal, dona dos aeroportos nacionais que foi privatizada e ficou nas mãos do grupo Vinci.
Entretanto, em comunicado hoje divulgado, a Portway revela que o SINTAC “inviabilizou uma solução de diálogo” proposta pela empresa, no passado dia 8 de Janeiro.
“Esta proposta, para retomar o diálogo construtivo interrompido em novembro pelo SINTAC, constituía um compromisso da empresa para a obtenção de consenso global com as estruturas sindicais no mais curto período de tempo. Este compromisso foi recusado pelo SINTAC. Este sindicato decidiu dar seguimento à greve e inviabilizar uma solução de diálogo”, pode ler-se no documento.
No comunicado, a Portway reafirma a sua postura “construtiva e socialmente responsável”, recordando que, em março de 2016, para evitar o despedimento colectivo, após decisão de montagem de operação de “self-handling” por parte de um importante cliente, “a empresa negociou um Acordo de Empresa (AE), introdução de regras de flexibilidade na organização do trabalho e congelamento da progressão dos salários e carreiras”.
A empresa refere também que em Novembro passado fez “a actualização de tabelas, carreiras, anuidades e restantes condições remuneratórias”, conforme previsto no AE, “representando um aumento médio global de remunerações de cerca de 8%”.