Rio diz que boicote na Madeira “não é lá muito correcto”
O candidato à liderança do PSD Rui Rio considerou hoje “não muito correto” que os 104 militantes com quotas em dia da Madeira não tenham podido votar nas eleições diretas do partido.
“Não é lá muito correto, porque há 104 pessoas na Madeira que fizeram exatamente o mesmo que os tais 40 mil e não sei quantos [os 40.604 militantes com as quotas em dia que puderam votar na segunda volta de hoje], portanto têm o direito a votar”, afirmou Rio em declarações aos jornalistas à chegada ao hotel do Porto onde vai acompanhar a noite eleitoral do partido.
Sustentando que, “da forma como fizeram, essas pessoas ficaram sem o direito a votar, e elas cumpriram direitinho como todos os demais”, o ainda líder do PSD considerou que tal “era desnecessário”: “Não acho bonito isso, não acho bonito. Também muitas vezes há, em eleições nacionais, boicotes às mesas e as pessoas não podem votar, também acontece, mas aqui era desnecessário”, sustentou.
Depois de todos os votos da primeira volta na Região Autónoma da Madeira terem sido considerados nulos pelo Conselho de Jurisdição Nacional (CJN), por discrepâncias com o caderno eleitoral oficial, a estrutura regional decidiu não vai abrir as sedes para a segunda volta, considerando que isso seria uma “humilhação” para os militantes sociais-democratas do arquipélago.
À entrada do hotel, Rui Rio fez um balanço positivo desta última semana de campanha, considerando que “não aconteceu nada de absolutamente transcendente que alterasse o que tivesse que alterar”.
“Isto também tem alguma componente tática: quem vem à frente tem essa preocupação, quem vai atrás tem a preocupação de agitar as águas. Isto é lógico, é sempre assim. Acho que não aconteceu nada ainda transcendente”, disse aos jornalistas.
Confrontado com um eventual aumento da abstenção face à primeira volta, Rio comentou apenas que “o pouco que soube é que parece que uma ou outra secção até teve mais votação”, como terá sido o caso do Porto.
“Agora vou ver”, sustentou, garantindo não fazer “a mínima ideia” de quem beneficiaria de uma eventual subida dos níveis de abstenção, se ele ou Luís Montenegro.
“A chuva acabou por não atrapalhar muito, é o que me parece”, avançou, ironizando que “a chuva é igual para os dois [candidatos], não chove mais para um do que o outro”.
Tal como na altura da votação, ao início da tarde hoje, Rui Rio afirmou-se neste início de noite “tranquilo”, até porque -- segundo diz ter contado “pelos dedos” -- foram já, “salvo erro, sete” as noites eleitorais que viveu.
“Penso que hoje vai ser muito mais rápido [do que na primeira volta das diretas, no sábado passado], porque são só duas listas e não há as listas de delegados. Portanto, é muito mais rápido e admito que alguma coisa que fosse possível melhorar em termos administrativos tenha sido até melhorada na sede nacional”, antecipou.
Questionado sobre se uma eventual mobilização nesta segunda volta dos cerca de nove mil militantes com quotas em dia que não foram às urnas no sábado passado o poderia beneficiar, o ainda presidente dos sociais-democratas disse acreditar que a distribuição destes votos seria “aleatória”.
“Tenderia a dizer que os nove mil se repartiram de igual maneira. Agora a ideia que eu tenho é que, quando há uma vontade de mudança, há uma maior mobilização. As pessoas movem-se mais, mexem-se mais pela mudança do que pela manutenção. Essa é a regra. Se aqui é assim não faço a mínima ideia”, rematou.
O presidente do PSD, Rui Rio, e o antigo líder parlamentar Luís Montenegro voltam hoje a disputar eleições diretas, numa inédita segunda volta em que podem votar 40.604 militantes com as quotas em dia.
Na primeira volta, realizada há uma semana, Rui Rio foi o candidato mais votado com 49,02% dos votos expressos (15.546 votos), seguido do antigo líder parlamentar do PSD, que obteve 41,42% do total (13.137). O vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais Miguel Pinto Luz ficou em terceiro, com 9,55% (3.030), e fora da segunda volta.