Greve nos SAMS teve adesão elevada mas serviços funcionaram com precários - sindicato
A maioria dos trabalhadores dos Serviços de Assistência Médico-Social (SAMS) do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas (SBSI) esteve hoje em greve, mas muitos dos serviços mantiveram-se operacionais, assegurados pelos funcionários com vínculo precário.
Rui Marroni, dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), um dos que convocou a greve para pressionar o SBSI a retomar as negociações das convenções coletivas, disse à agência Lusa que a paralisação registou adesões de 90% a 100%, tanto no turno da manhã como no da tarde, no hospital, em Lisboa.
“Na maioria dos serviços apenas foram assegurados os serviços mínimos, mas muitos conseguiram funcionar com os trabalhadores precários, que já são quase tantos quantos os efetivos”, afirmou o sindicalista.
Referiu que no hospital dos SAMS o bloco operatório só funcionou para urgências, enquanto o serviço de urgências foi assegurado por três enfermeiros a recibo verde e um efetivo, que assegurava os serviços mínimos.
A direção do SBSI considerou que “apesar das limitações, o SAMS e os seus profissionais conseguiram ultrapassar as dificuldades normais para um dia como o de hoje”.
A greve foi convocada por sindicatos da CGTP, UGT e independentes, que representam médicos, enfermeiros, técnicos de diagnóstico, auxiliares e administrativos, que trabalham nos SAMS, que são propriedade do SBSI.
Segundo os sindicatos, o conflito surgiu porque a direção do SBSI interrompeu, em outubro, os processos de conciliação a decorrer no Ministério do Trabalho, com o objetivo “de provocar a caducidade dos Instrumentos de Regulamentação Coletiva de Trabalho (IRCT) em vigor”.
Os representantes dos trabalhadores dos SAMS pediram entretanto reuniões “com caráter de urgência” à direção do SBSI, ao ministro do Trabalho e à Inspetora-Geral do Trabalho (ACT), para tentar desbloquear a situação.
Os trabalhadores em greve manifestaram também o seu descontentamento na rua com uma manifestação que terminou junto ao Ministério do Trabalho, onde entregaram uma moção a pedir a mediação do conflito.
Os SAMS do SBSI empregam 1.300 trabalhadores com vínculo e quase mil pessoas com avenças ou como independentes.
Aquele sindicato enviou à Lusa uma declaração escrita onde afirmou que “respeita integralmente o direito à greve dos trabalhadores”, mas considerou “despropositada a marcação da greve” para hoje.
O SBSI promoveu hoje um referendo aos seus sócios sobre a fusão dos cinco sindicatos que integram a Federação sindical do setor financeiro “Febase” numa única organização nacional.
“Não está em causa o direito à greve por parte dos trabalhadores, que o SBSI respeita integralmente, mas sim a sobreposição de datas”, disse a estrutura sindical na declaração, lembrando que “apresentou uma proposta de contratação coletiva que se pretende em linha com os restantes hospitais privados, à qual os sindicatos responderam com a manutenção integral dos instrumentos de regulação coletiva de trabalho em vigor”.
O SBSI salientou ainda que “grande parte do articulado dos diferentes instrumentos de contratação coletiva que regulam as relações entre o SAMS e os trabalhadores tem raiz nos acordos coletivos que o SBSI subscreveu com a banca”.
“Ora, a evolução quer da banca quer do setor privado da saúde em Portugal tornou estes acordos desajustados da realidade”, justificou a direção do SBSI.