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Tempo de decisões

Este ano os madeirenses serão chamados a votar duas vezes.

Prevê-se um Verão mediaticamente mais preenchido que os anteriores. A importância das decisões a tomar exigem isso.

Assim sendo gostaria de me debruçar sobre um ponto particular da actividade política- o escrutínio dos executivos eleitos.

Atendendo a que vivemos numa Democracia representativa, ao votarmos em alguém estamos a mandatá-lo para que tome, em nosso lugar, as melhores opções na Governação. Seja da freguesia, do Município, da Região ou do País. Ao votar delego a obrigatoriedade de informar o que está a ser executado quando voto na força vencedora e de fiscalizar e propor alternativa quando voto em partidos que não venceram. Tudo isto sobre as circunstâncias presentes e as suas condições para futuro.

Parecendo esta uma verdade de “la palisse” não deixa de ser curioso verificar como muitos políticos se comportam.

Nos últimos 4 anos, o Governo Regional deslocou-se diversas vezes à Assembleia Regional para prestar contas. Ou seja, esta entidade expôs-se a um escrutínio parlamentar para além daquele que resulta, naturalmente, da opinião pública e da opinião publicada. Contudo não é uma tónica que se veja noutros executivos. Quer sejam eleitos a nível local ou nacional.

Aquilo que se assiste a nível local na nossa Região é que para muitos desses actores políticos só existem dois tempos: o passado e o futuro. O que está mal vem tudo do passado e, num passe de mágica, tudo o que virá no futuro será melhor. Deve ser por eles estarem no poder, só pode!

É evidente que as Governações passadas tem peso, de diferentes formas, sobre o presente e o futuro. Agora não ser capaz de vislumbrar uma coisa positiva sobre o passado ou uma consequência negativa resultante da nossa acção presente só poderá ser um exercício de hipocrisia intelectual. E há muitos hipócritas na governação de algumas autarquias locais desta Região. Estes assumem ainda uma posição igualmente abjecta: quando questionados no presente não respondem, não sabem nada, vem tudo do passado e, se puderem, ainda metem duas ou três pinceladas de desinformação ideológica procurando tirar partido da curta memória da população.

Naturalmente que isto tem impacto na qualidade da Democracia. Quanto mais exposto se está, maior é a probabilidade de sermos escrutinados. Mas são ossos do ofício. Aqueles que se escudam no passado para tentar apagar a sua impreparação para liderar o presente, evitando a exposição e o debate, fazem um enorme serviço aos populistas. Estes dizendo o que o eleitorado quer ouvir cativam-no para causas muito mais graves e perigosas que ameaçam outro tipo de direitos que muitos julgam adquiridos.

Por isso a escolha será entre aqueles que são objecto do escrutínio, do seu discurso e da sua acção Governativa e aqueles que já se demonstraram incapazes de apresentar um projecto estrutural alternativo ao nível local. Passam-se os anos e as desculpas para a falta de ideias e apresentação de resultados são sempre as mesmas. Será que é isso que queremos ver em toda a nossa Região?

“Para trás nem para tomar balanço”.