Artigos

MADEIRA 3 – Cafôfo e Costa ZERO

A maturidade da democracia é aceitarmos a herança dos partidos – de todos os partidos - no trabalho feito seja na governança, seja na oposição.

Terminada a época eleitoral com três atos eleitorais, o denominador comum foi “ZERO” para Costa e Cafofo.

A tendência nacional rosa, com reforço rosa no retângulo nestas eleições legislativas, traduzido em mais 20 lugares no parlamento nacional, teve uma repartição dos seis lugares que o atual círculo eleitoral para a Madeira prevê, entre PSD e PS, mas o PSD saiu vitorioso na soberana vontade dos eleitores.

O PSD/Madeira, 43 anos depois, sai vitorioso em 3 atos eleitorais distintos, com relevância distinta para o dia a dia do cidadão.

A principal ilação que daqui se pode retirar é que a humildade e a primazia do interesse coletivo, valores assumidos pelo PSD/Madeira ganhou contra a presunção da vitória antecipada. Uma das candidaturas adversárias optou por trucidar a diversidade partidária com claro apelo ao “voto útil” e em consequência, abateu os parceiros (naturais) da possível geringonça madeirense.

No início do ano saíram previsões de resultados em que o PSD/Madeira estava atrás da candidatura autodenominada D.Sebastião. Reza a lenda que algures no mar distante, numa manhã de nevoeiro, iria surgir a qualquer momento a salvação D. Sebastião, perante a ameaça do domínio espanhol. Era o rei “Desejado”. D. Sebastião teria morrido na derrota na Batalha de Alcácer-Quibir mas a esperança era que voltasse para que a dinastia espanhola ficasse impedida de tomar o reinado português.

Foi um pouco isto. Montou-se a operação Rei D. Sebastião numa visão salvador da república das bananas. Perante esta lenda, todos os cidadãos e cidadãs destes dois rochedos do Atlântico, com eventual exceção do reinado do Príncipe Renato, todos sem exceção, e em particular os eleitos e os eleitores ao longo de 43 anos, militantes e simpatizantes de todos os partidos, incluindo os eleitos pelo Partido Socialista, todos sem exceção, para esta lenda estiveram submersos no sebastianismo.

Depois fez-se luz mas apenas para alguns, coincidência os mesmos que sempre votaram no Partido Socialista e que agora votaram na candidatura liderada por um independente.

A maturidade democrática não é isto. A maturidade da democracia é aceitarmos a herança dos partidos – de todos os partidos - no trabalho feito seja na governança, seja na oposição.

Este mito do “Sebastianismo regional” acabou.

Agora é tempo de mostrar a capacidade de fazer oposição construtiva e de ter “a mão na mesma batuta” que guia os interesses da Madeira e do Porto Santo. Acabaram cartazes e likes no Facebook.

Agora espera-se respeito por todos os cidadãos e em especial por todos os que foram às urnas e fizeram a sua escolha, com a mesma legitimidade, em qualquer um dos partidos com assento parlamentar.

Espera-se um parlamento unido em torno das questões que nos unem como ilhéus e não espartilhado por agendas pessoais, que nada têm a ver com a nobre missão do desempenho de um cargo político na primeira instituição de defesa da nossa Região.