Elevação
Quis o destino que esta época de celebração da Pascoa, ficasse marcada por um acidente automóvel na Região, no passado dia 17 abril (4ªf). Tudo aconteceu no Caniço, pouco depois das 18:30 horas. Pouco mais de 35 minutos depois da primeira chamada de socorro, dava entrada no Hospital Dr. Nélio Mendonça, o primeiro ferido. Menos de 50 minutos depois, estavam todos os feridos dentro do Hospital, a serem intervencionados e a receberem assistência médica e psicológica. A rapidez e a eficácia de socorro foram determinantes.
Desde a primeira hora, foram tomadas decisões, onde tinham de ser tomadas, no Centro de Operações da Proteção Civil da Madeira. Numa situação destas, tem de imperar a calma, o profissionalismo, o sangue frio e uma grande coordenação de meios. Ao Governo Regional, com a tutela da coordenação de todos os meios, médicos, enfermeiros, profissionais de saúde, psicólogos, psiquiatras, forças policiais, de segurança, de socorro, bombeiros e proteção civil, embaixadas, turismo, institucional, guias, tradutores, agentes de viagens, hotéis, familiares, centenas de voluntários e todos os envolvidos, coube-nos estar no centro das operações da Proteção Civil e deixar no local do acidente, apenas as forças de segurança e assistência médica.
Mobilizaram-se de imediato médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e equipes de apoio, para o hotel onde estavam hospedadas as vítimas e hospital. Criaram-se linhas de telefone de apoio e informação. Coordenou-se a informação a ser disponibilizada a toda a comunicação social, interna e externa, com grande peso mediático em todo o Mundo. Um trabalho com grande sentido de responsabilidade, sem holofotes, sem redes sociais, de forma factual, sem especulação, mas com grande respeito pelas vítimas. Foi esta a nossa grande preocupação. 29 mortos. 27 feridos. Dois de nacionalidade portuguesa e 25 de nacionalidade alemã. Menos de 48 horas depois, ao final do dia de 6º feira Santa (19 abril), todos os feridos estavam devidamente analisados e com os processos clínicos concluídos. Todas as autópsias estavam concluídas. A transferência de doentes fez-se por vontade das vítimas e dos seus familiares e não por critérios clínicos. Dos 27 feridos, apenas 12 serão transferidos para a Alemanha, um fica na Região e os restantes tiveram alta hospitalar. Este processo ficou concluído no dia 20 abril, sábado, ao final da manhã. Dois dias depois está reposta a normalidade possível. Pelo meio, visitas e presenças de Estado e institucionais. Celebrações religiosas e acompanhamento diário aos doentes e familiares.
Todo o Governo Regional esteve em coordenação e orientação do Sr. Presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque. Diariamente, várias vezes ao dia, diretamente comigo, fazia o ponto de situação dos acontecimentos, deixava as suas instruções e inclusivamente, falava telefonicamente, com as entidades que passaram pela Madeira. Nunca deixou de estar presente e embora abalado com toda a situação, não deixou de ter a serenidade necessária para orientar todas as suas “tropas” num momento como este. A ele, à sua visão estratégica, de ao longo dos últimos anos ter sabido dotar a Madeira de equipes de emergência e socorro, e ter dado continuidade a um grande trabalho que se iniciou em 1993, com investimento em meios adequados, muito se deve todo este sucesso de operações.
De tudo isto, resultou uma excelente imagem de profissionalismo, de segurança, de coordenação de meios, de um destino turístico de elevada competência e confiança nas suas instituições, de respeito e de excelentes profissionais em todas as áreas de atuação. Afinal os prémios internacionais de melhor destino insular têm razão de ser.
O país com mais influência na Europa, a Alemanha, reconheceu e agradeceu o nosso profissionalismo, das nossas gentes e de todos os Madeirenses. Os elogios não são o fim único, mas motivam, bem como todo o reconhecimento do que está bem.
“Sempre fomos amigos, agora somos irmãos”. As dificuldades unem-nos. Mais do que nunca, temos de nos habituar a ver o copo meio cheio e não apenas o copo meio vazio. Temos todos os motivos para estarmos orgulhosos do que é a Madeira e o Porto Santo e do que são hoje, todos os Madeirenses.
A todos, sem exceção, o nosso Muito Obrigado!
Boas Páscoas.