Pedro Sánchez falha ser investido como PM espanhol numa primeira votação
O socialista Pedro Sánchez foi incapaz de recolher hoje no Congresso dos Deputados espanhol (parlamento), numa primeira votação, os apoios necessários para ser reconduzido como primeiro-ministro, apesar de obter 166 votos a favor, 165 contra e 18 abstenções.
O candidato do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) precisava, nesta primeira tentativa, de ter conseguido o apoio de metade mais um (maioria absoluta), 176 votos, da totalidade dos 350 deputados espanhóis, para ser confirmado no lugar que ocupa desde junho de 2018.
Pedro Sánchez vai ter uma outra oportunidade para ser investido daqui a dois dias, na terça-feira, à mesma hora, que tudo indica vai ser bem-sucedida, numa segunda votação em que apenas necessita de ter mais votos a favor do que contra (maioria absoluta).
À votação de hoje faltou uma deputada que, em princípio, irá votar a favor da investidura de Pedro Sánchez na terça-feira.
Votaram “sim” à investidura os deputados do PSOE, do Unidas Podemos (extrema-esquerda) e de vários partidos mais pequenos nacionais e regionais, enquanto do lado do “não” esteve o bloco de direita -- PP (Partido Popular), Vox (extrema-direita) e Cidadãos (direita liberal) -- assim como outras formações de dimensão reduzida e de caráter regional.
A sessão de investidura como chefe do Governo do candidato do PSOE começou no sábado e termina na terça-feira.
Tudo indica que Pedro Sánchez será investido na terça-feira, depois de ter negociado a abstenção dos 13 deputados dos independentistas catalães da ERC (Esquerda Republicana da Catalunha), aceitando a criação de uma “mesa de diálogo” para resolver “o conflito político sobre o futuro da Catalunha”.
O debate de investidura está a ser marcado pela forte contestação dos partidos espanhóis de direita a uma solução governativa que será possível apenas com o aval (abstenção) do maior dos partidos independentistas catalães, cujo líder, Oriol Junqueras, está a cumprir uma pena de 13 anos de prisão pelo seu envolvimento na tentativa separatista de 2017.
Sánchez apresentou no parlamento, no sábado, no primeiro dia da sessão de investidura, o programa do Governo de coligação que os socialistas pretendem formar com o Unidas Podemos.
O programa prevê o aumento dos salários mais baixos e dos impostos sobre as maiores empresas, assim como reverter uma controversa reforma do mercado de trabalho feita em 2012 pelo Governo de Mariano Rajoy, do PP.
Se o líder socialista for investido na terça-feira, irá dirigir o primeiro Governo de coligação formado desde o início da democracia espanhola iniciada com a aprovação da Constituição de 1978, três anos após a morte do ditador Francisco Franco.
O PSOE e o PP foram-se alternando na condução de todos os executivos espanhóis durante os últimos 40 anos.
Sánchez tornou-se primeiro-ministro em junho de 2018, depois de propor uma moção de censura que derrubou o governo minoritário de Mariano Rajoy muito fustigado pelos escândalos de corrupção de membros do Partido Popular.
O líder socialista dirigiu um executivo também minoritário até que foi incapaz de aprovar no início de 2019 o Orçamento de Estado, tendo convocado eleições antecipadas.
O PSOE foi o partido mais votado em abril do ano passado, mas longe da maioria absoluta, não tendo conseguido formar um Governo com o Unidas Podemos, o que levou à repetição da consulta eleitoral que pouco alterou a distribuição de poder no parlamento.
Na consulta eleitoral de 10 de novembro último, para o Congresso dos Deputados, o PSOE teve 28,0% dos votos (120 deputados), seguido pelo PP com 20,8% (88), o Vox (extrema-direita) com 15,1% (52), o Unidas Podemos com 12,8% (35), e o Cidadãos com 6,8% (10), ERC com 3,6% (13), com os restantes votos divididos por partidos de menor dimensão.