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Conflitos étnicos na RDCongo mataram mais de 50 pessoas na última semana

Foto AFP
Foto AFP

Mais de 50 pessoas morreram na última semana em confrontos étnicos em Ituri, província do nordeste da República Democrática do Congo (RDCongo), noticiam hoje agências internacionais, que citam fontes do Exército e activistas da sociedade civil.

“É demasiado que tenham assassinado mais de 50 pessoas numa semana. Não é normal”, afirmou o líder de uma organização da sociedade civil, Shabani Awazi, citado pela agência noticiosa espanhola Efe.

De acordo com Awazi, o primeiro ataque terá ocorrido na noite de quinta-feira, quando membros do grupo armado Cooperativa para o Desenvolvimento do Congo (Codeco), constituído por membros da comunidade lendu, um grupo étnico da região, mataram 19 civis na cidade de Ndujko.

O mesmo activista acrescentou que na sexta-feira mais de 20 civis e dois militares foram assassinados na cidade vizinha de Mahagi, num ataque atribuído ao mesmo grupo.

Outras duas pessoas morreram numa emboscada atribuída à Codeco no sábado, tendo no domingo outros seis civis sido assassinados.

“Actualmente, as milícias da Codeco só atacam os hema [um outro grande grupo étnico na região]”, afirmou Awazi, acrescentando que outras sete pessoas morreram num outro ataque em Djugu, na terça-feira.

Desde meados do ano passado que a zona de Djugu tem testemunhado um aumento do número de ataques e conflitos intercomunitários entre grupos armados, em particular entre hema (pastores) e lendu (agricultores), que se enfrentam devido à posse de terras e pelo controlo do poder.

Estes conflitos tinham já sido verificados entre finais de 2017 e princípios de 2018, mas desde então que a situação tem sido calma.

No entanto, Shabani Awazi referiu que os atuais confrontos são diferentes do habitual, uma vez que os lendu dispõem de apoio estrangeiro de ugandeses e tanzanianos.

À Efe, o porta-voz das Forças Armadas da RDCongo, tenente Jules Ngongo, confirmou os ataques e assegurou que o Exército conseguiu impedir várias acções dos atacantes.

O conflito entre lendus e hemas remonta ao final da década de 1990, quando as tropas ugandesas presentes da RDCongo durante a Segunda Guerra do Congo (1998-2003) decidiram colocar um hema, o grupo minoritário na região, a administrar Ituri, uma província rica em minerais, sobretudo ouro.

Isto gerou o chamado “Conflito de Ituri”, que segundo as Nações Unidas matou 50.000 pessoas, tendo sido comparado às rivalidades entre hutus e tutsis no Ruanda.

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