Tolentino Mendonça encara cultura como fonte de comunhão e intercâmbio
Reacções do presidente do Governo Regional e da ministra da Justiça, que salientou que o novo cardeal é um pensador e construtor de pontes
O presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, afirmou que Tolentino Mendonça, hoje investido cardeal pelo Papa Francisco, encara “a cultura como fonte de comunhão e intercâmbio entre os povos”.
“É um português, mas é um homem do mundo pela sua dimensão intelectual, pela sua capacidade de encarar a cultura como uma fonte de comunhão e intercâmbio entre os povos”, declarou aos jornalistas Miguel Albuquerque, após felicitar Tolentino Mendonça, no Palácio Apostólico, no Vaticano.
Para o presidente do Governo Regional, a investidura de Tolentino Mendonça “é um grande orgulho para a Madeira”, dada a “dimensão intelectual e também espiritual” do novo cardeal.
“É um homem que enobrece o país e a região”, disse.
Acrescentando que se trata de “mais um momento feliz” na celebração dos 600 anos da descoberta da ilha, Miguel Albuquerque acrescentou que Tolentino Mendonça “é um homem cosmopolita, do mundo e, por isso, é que é um homem da Madeira, que a Madeira está sempre aberta ao mundo”.
Um pensador e construtor de pontes
A ministra da Justiça portuguesa, Francisca Van Dunen, considerou hoje que Tolentino Mendonça, hoje investido cardeal, é um pensador e um construtor de pontes, e destacou a existência de cinco portugueses no Colégio Cardinalício.
“O cardeal Tolentino Mendonça não é apenas um católico, não é apenas um religioso, é alguém que pensa, é um pensador e é um construtor de pontes, quer do ponto de vista ecuménico, quer do ponto de vista do diálogo inter-religioso”, disse aos jornalistas Francisca Van Dunen, no Palácio Apostólico, no Vaticano, após felicitar Tolentino Mendonça.
Para a governante, que hoje esteve na cerimónia de criação do cardeal em representação do Governo português, ao longo de todo o seu trabalho, Tolentino Mendonça, arquivista e bibliotecário do Vaticano, “tem procurado criar pontes, na só nessa perspetiva, como também pontes entre a Igreja Católica e outros mundos”.
“Nós precisamos hoje, mais do que nunca, de gente que pensa. Ao pensar, ele obriga-nos a ir atrás dele, a refletir sobre as coisas numa altura em que o mundo se tornou tão instantâneo e em que nós reagimos tanto por impulso que quando o lemos temos tendência a ir atrás dele”, continuou, acrescentando: “Acho que pensar é essencial para podemos ter soluções melhores numa altura em que o mundo está tão instável e incerto”.
Sobre o facto de passarem a existir cinco portugueses no Colégio Cardinalício, a ministra disse ser “muito importante para Portugal” contar agora com cinco cardeais no Colégio Cardinalício, que tem por missão assistir o papa, referindo que a investidura de Tolentino Mendonça “enche de júbilo” a Igreja e os católicos portugueses, como aqueles que são “amantes da justiça e da paz por este mundo”.
O segundo natural da Madeira
Tolentino Mendonça tornou-se hoje no 46.º cardeal português, sendo o segundo originário da Madeira. O primeiro foi Teodósio Clemente de Gouveia, que nasceu na Madeira em 1889. Foi arcebispo de Lourenço Marques, agora Maputo, capital de Moçambique, e elevado a cardeal-presbítero, por Pio XII, no consistório de 18 de fevereiro de 1946.
Tolentino Mendonça junta-se ao cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, e ao bispo da Diocese de Leiria-Fátima, António Marto, como cardeais eleitores - e também podem ser eleitos - num futuro conclave para escolher o sucessor de Francisco, de 82 anos.
No Colégio Cardinalício estão mais dois portugueses que, por terem mais de 80 anos, não participam no conclave: Monteiro de Castro, de 81 anos, que foi penitenciário-mor da Santa Sé e teve uma vasta experiência diplomática ao serviço do Vaticano.
Já Saraiva Martins, de 87 anos, foi secretário da Congregação para a Educação Católica e depois prefeito da Congregação para as Causas dos Santos.
Arquivista e bibliotecário do Vaticano, Tolentino Mendonça, de 53 anos, foi um dos 13 novos cardeais hoje investidos e que tinham sido anunciados pelo Papa Francisco em 01 de setembro.
Natural de Machico, Madeira, o futuro cardeal, poeta e estudioso da Bíblia, entrou no seminário aos 11 anos. Doutorado em Teologia Bíblica e antigo vice-reitor da UCP, é um nome de destaque da poesia portuguesa contemporânea, tendo já recebido vários prémios.