Pedro, Albuquerque e altos responsáveis do CDS combinaram candidatura a AMRAM
Autarca foi duro no discurso desta noite perante militante social-democratas. Albuquerque falou e não deu margem a perguntas.
Afinal o presidente do PSD-M sabia da intenção de Pedro Coelho querer candidatar-se à liderança da Associação de Municípios (AMRAM) ao contrário do que se chegou a especular. O autarca câmara-lobense, que perdeu as eleições para Ricardo Nascimento, revelou esta noite, no discurso que o DIÁRIO teve acesso, que foi à margem a assinatura do acordo político entre social-democratas e centristas, no dia 8 de Outubro, que tudo aconteceu.
“Falei com o presidente do partido e na presença de altos responsáveis do CDS foi acertado que era necessário falar com o Ricardo Nascimento para procurar viabilizar uma candidatura social-democrata. Foi-me prometido que o partido iria falar com ele”, disse aos militantes e onde estava a seu lado Miguel Albuquerque.
No entanto, recordou, “como não houve abertura negocial e nem ninguém falou comigo e não havendo definição, encetei contactos partidários com JPP, CDS e todos os presidentes de Câmara do PSD julgando ter reunido apoios suficientes”.
Dias mais tarde, surgiria o segundo ‘balde de água fria’, declarou: “Para minha surpresa e como é de conhecimento público, alguns presidentes de Câmara foram chamados à Quinta Vigia para abordar a questão das eleições na AMRAM”, expressou.
Antes, dissera que, em 2017, na sequência dos resultados eleitorais para assegurar a Assembleia Municipal do Funchal o partido fizera um acordo político com o CDS, com os Unidos Por São Vicente e Ribeira Brava Primeiro, entregando a liderança da AMRAM à Câmara Municipal de Santana, situação que, à data, não concordou, mas esteve ao lado do partido.
Seja como for, considerando que “o PSD-M é governo em quatro Câmaras Municipais [eleições autárquicas de 2017 o PSD-M ganhou apenas Calheta, Câmara de Lobos, Porto Santo] sempre entendi que o partido deveria intentar todos os esforços para assegurar a liderança da AMRAM. Mostrei a minha disponibilidade”, acrescentou mais um rol de motivos.
Tudo a ferros
Apesar das sucessivas vitórias que o PSD Câmara de Lobos deu ao PSD-M, “existe entre os nossos militantes a nítida sensação que a dedicação não teve nem tem a correspondente retribuição. Da minha parte sinto que, para Câmara de Lobos, nunca é fácil. Todas as conquistas são tiradas a ferro”, voltando as negociações por conta do PIDAR.
Apesar das insistências foi difícil encontrar abertura para o diálogo, lembrou, colocando na “difícil e desconfortável” posição de ter sido necessário escrever uma carta para fazer-se ouvir, mesmo assim tal missiva não surtiu efeito, declarou.
Foi por isso que, na reunião do Orçamento Participativo, com a presença de Pedro Calado, os autarcas e militantes deste concelho tiveram outra vez e no local próprio expressado a preocupação.
Mas disse mais. Disse que em 2018, na sequência das eleições internas, apesar dos resultados do PSD Câmara de Lobos, que é de todos, “o partido não contava, para além de mim, para integrar os órgãos do partido apesar de termos gente válida e competente. Mais uma vez foi preciso tirar a ferros os representantes na Mesa do Congresso e de Jurisdição”.
Este ano nova luta. Foi durante a escolha dos candidatos que “obrigaram a extremar posições”, não esquecendo de recordar que a segunda candidata “aparecia em 30 lugar”. Ora, uma vez mais, apesar de ter tentado resolver o assunto nos locais próprios, “as portas fecharam-se sendo necessário escrever mais uma carta. A contra gosto e arrancado a ferros”, sublinhou.
Agradecimentos
Logo no arranque agradeceu trabalho e dedicação dos militantes aos autarcas que “deram mais três vitórias categóricas e expressivas ao PSD-M.
Deixou claro que os “3.142 votos de diferença face ao nosso principal adversário político foram decisivos para que o nosso presidente seja hoje também presidente do Governo Regional”, vincando que as “vitórias eleitorais do PSD em Câmara de Lobos não são méritos” somente do edil e presidente da Comissão Política concelhia.
Prosseguindo: “Quando outros concelhos quebravam, o PSD de Câmara de Lobos manteve-se determinado e leal ao partido e ao seu presidente, por isso estamos mobilizados e unidos”.
Pelo caminho negou que ande “irado e apressado” como fazem querer passar a mensagem: “Como vê ando muito bem disposto”, disse para Albuquerque, realçando que nunca virou as costas às responsabilidades.
“Sou determinado. Se calhar aprendi consigo. Quem não se recorda dos desaguisados que manteve com seu antecessor. Tal como quis o melhor para o Funchal, eu quero o melhor para Câmara de Lobos. É isso, e tão só isso que me move”, precisou lançando mais um recado para o líder do PSD-M.
“Foi assim que em 2015 decidi apoiar a sua candidatura à liderança ao partido. À data fui o único presidente de Câmara em funções assumir tal posição, decisão, como sabe causou-me dissabores vários, mas ainda assim não verguei nem deixei de defender as minhas convicções, contrariamente a muitas pessoas que nessa altura optaram pela confortável posição de não se comprometer”, atirou lembrando mais um conjunto de razões para ter declarado o seu apoio a Albuquerque contra Alberto João Jardim.
Apesar das sucessivas vitórias que o PSD Câmara de Lobos deu ao PSD-M, existe entre os nossos militantes a nítida sensação que a dedicação não teve nem tem a correspondente retribuição.
O longo discurso terminaria assim: “Em abono de verticalidade tinha de dizer isto. Não guardo mágoa nem ressentimento mas não esqueço. Manterei a mesma dedicação que tem tido em defesa dos interesses de Câmara de Lobos.Assunto está esclarecido e encerrado”.