“O adversário [do Porto do Santo] está no poder central”
O ex-presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim, na qualidade de presidente da direcção do Instituto Autonomia e Desenvolvimento da Madeira, foi um dos convidados para uma tertúlia marcada dedicada ao tema ‘Revoltas e Motins na História da Madeira e Porto Santo’, que decorreu, ao final desta tarde de sexta-feira, 25 de Outubro, no restaurante Sea Blue, no centro de Vila Baleira.
Na ocasião Jardim começou por sublinhar a importância de “fazer esta iniciativa na ilha do Porto Santo”, na mesma linha das revoltas e motins que fizeram com que a Madeira conquistasse “uma autonomia contra o centralismo de Lisboa”.
“O Porto Santo é hoje absolutamente diferente do que era há quarenta anos atrás e isso resultou do trabalho dos governos que presidi. O Porto Santo só conseguiu transformar-se devido à autonomia”, observou o antigo presidente do Governo Regional.
E sublinhou: “Era bom que o Porto Santo entendesse, de uma vez por todas, que o adversário está no poder central, que corta as amarras ao arquipélago, em vez de andar a brincar aos cowboys com os ‘gajos’ da Madeira”.
“A Madeira foi explorada durante 600 anos, durante estes séculos dois terços do produto interno bruto, e que o nosso suor fez, foi parar a Lisboa, e é preciso ter a consciência das revoltas, e a primeira revolta foi aqui no Porto Santo, foi a ‘revolta dos ‘profetas’, sustentou.
Antes deste evento foi inaugurada uma exposição dedicada ao tema, com trabalhos de Margarida Jardim de Freitas, na Sala de Exposição da Assembleia Municipal do Porto Santo.
“Quando fui desfiada para um projecto para os Seiscentos Anos, comecei por fazer pesquisas sobre o Dr. Alberto João Jardim e aquilo que ele sentia no nosso povo e arquipélago. Algumas expressões proferidas ao longo do seu percurso político, como “Povo Superior”, foram-se juntando na minha cabeça”, contou ao DIÁRIO a autora do projecto, Margarida Jardim, sobre como surgiu esta ideia.
“Foi um fascínio trabalhar as revoltas da Madeira e do Porto Santo, e trabalhei oito delas, e que foram complementadas pelo teatro, pelos autores Eduardo e Felipe Luís”, sublinha.
Por seu turno, o actor Eduardo Luís vincou que “o povo do arquipélago madeirense sempre foi e será um povo resistente se for preciso revoltar que assim seja (...) Foi esse o motivo que me levou a mim e ao meu colega a participar neste projecto da Margarida Jardim”.
Assim, “a partir de informações que a Margarida nos deu e de outras que nós pesquisámos, pudemos ilustrar os quadros para que público conseguisse perceber o porquê daquelas revoltas ao longo dos tempos”, acrescentou.