O “falar” da moda
Os portugueses, a cada dia que passa, estão a ficar mais inteligentes. Não sei se se deve a Jorge Jesus depois de este ter escolhido o Brasil para exercitar a língua pátria, e mais ao seu alcance e jeito, ao mesmo tempo que arrisca experimentar um novo Alcochete. O certo é que os portugueses já sabem dizer de trás para a frente, assertivo - adjectivo que aplicam sem dó nem piedade e tantas as vezes quantas as ignoradas. Mas não contentes nem satisfeitos com este palavreado, juntam-lhe o moderníssimo substantivo masculino - evento. É de homem. Agora mal se ouvem os transeuntes, que os media interrogam na calçada sobre qualquer nada, logo o erudito paisano emprega estas duas palavras com o ar mais fino, de modo a que lhe possa dar um estatuto social elevado. Na actualidade, quem não souber empregar, assertivo e evento, escusa de pensar em entrar na elite dos bem falantes e grandes comunicadores para imprensa que os apanhe à ida e vinda da praia, espectáculo rockeiro, saída do mercado pechisbeque e afins. Português que se preze, tem que verbalizar e repetir, termos que impressionem, mesmo que ignore o significado e não os empregue com propriedade e propósito. Está na moda esta espécie de parolice. Bem fez Jorge Jesus em por-se a andar para região aonde a língua resulta de qualquer maneira, e onde se diz falar, português. Eu constatando saber existir tanta sabedoria, até me passo. Mas que vai aí um grande “invento” no falar, ai isso vai!