Desporto

Márcio Sampaio classifica de “surreal” reunião com Bruno de Carvalho

None

O antigo preparador físico do Sporting Márcio Sampaio classificou hoje de “surreal” a reunião entre a equipa técnica liderada por Jorge Jesus e o então presidente Bruno de Carvalho, na véspera do ataque à academia de Alcochete.

“Foi uma reunião surreal, pela quantidade de coisas que foram ditas. A reunião serviu para o presidente dizer que era o fim da linha, que não tínhamos mais condições para continuar, e para justificar o que tinha acontecido entre jogadores e adeptos na Madeira. Que estava em casa e que passou a madrugada - que esteve até às tantas da manhã - a falar ao telemóvel com o líder da claque Fernando Mendes, que queria o contacto, a morada do Acuña. Disse: ‘vocês nem sabem o que é que estava a ser preparado’”, relatou a testemunha.

Márcio Sampaio foi ouvido durante a manhã na 16.ª sessão do julgamento da invasão à academia ‘leonina’, em Alcochete, em 15 de maio de 2018, com 44 arguidos, incluindo o antigo presidente do clube Bruno de Carvalho, que decorre no Tribunal de Monsanto, em Lisboa.

Questionado sobre o que é que Bruno de Carvalho quis dizer com ‘vocês nem sabem o que é que estava a ser preparado’, Márcio Sampaio acreditou que o então presidente do Sporting tinha “supostamente desmontado” algo que estava a ser planeado pelos adeptos.

A reunião decorreu em 14 de maio de 2018, no dia seguinte à derrota do Sporting contra o Marítimo por 2-1, que significou a perda do segundo lugar do campeonato para o Benfica e levou à troca de palavras entre jogadores e elementos da claque Juventude Leonina, primeiro no relvado, após o jogo, e depois no Aeroporto do Funchal.

Márcio Sampaio explicou que a reunião foi marcada por Bruno de Carvalho na sequência dos acontecimentos da Madeira e onde estiveram presentes outros três ex-administradores da SAD ‘leonina’.

“Entendemos que estávamos despedidos. O treinador [Jorge Jesus] perguntou como é que vai ser e ele [Bruno de Carvalho] respondeu: ‘vocês vão para casa, vou falar com os advogados do clube, que vão falar com os vossos advogados’. Perguntámos sobre o treino de amanhã [terça-feira, 15 de maio]. Ele respondeu: ‘vocês aguardem, ainda não comuniquei ao departamento jurídico, marquem o treino para a tarde para me dar tempo para tratar da rescisão. Convém que se, de manhã, não vos entregarem nada - estou a ser vosso amigo -- apareçam no treino à tarde’”, descreveu a testemunha.

O preparador físico, que se mantém na equipa técnica liderada por Jorge Jesus, atualmente no Flamengo, do Brasil, contou que ele foi o primeiro elemento da equipa técnica a chegar à academia de Alcochete, em 15 de maio, que o deixaram entrar, tendo informado depois os restantes elementos que também se deslocaram para a academia de Alcochete, onde acabaram por almoçar.

Em relação à invasão, Márcio Sampaio explicou ao coletivo de juízes que estava no ginásio, relatando ter visto lesões em vários profissionais do clube.

“Vi o Bas Dost, que já estava no departamento médico, e o Raul José tinha levado com um cinto, ficou com uma marca no corpo na zona do ombro. O professor Mário Monteiro tinha marcas de uma tocha atirada para a sua zona abdominal”, descreveu a testemunha, acrescentando que o balneário “não estava como costumava estar”.

Após o ataque, o preparador físico afirmou que Bruno de Carvalho chegou à academia na companhia do então diretor desportivo André Geraldes.