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O Gesto Magnífico de Rui Nepomuceno

Imagino-te a erguer a voz entre as muralhas do tempo,
a desenhar na pedra bruta da história
os contornos de uma ilha que se ergue por si.

A Madeira era um eco distante no mar imenso,
mas tu, com a paciência das marés e o ímpeto do vento,
fizeste dela palavra viva,
esculpindo na lei o direito de ser.

Não te bastaram os livros onde a história dormia,
nem os discursos gastos pelo sal da espera.

Trouxeste para as mãos a autonomia
como quem segura um facho aceso no nevoeiro.

E hoje, no chão que pisamos, há o rasto da tua luta,
não como sombra, mas como luz
que ilumina cada escolha livre,
cada voz que se ergue,
cada porto que se abre ao mundo.

Rui Nepomuceno, nome de mar e de pedra,
nos teus passos ficou a promessa cumprida
de uma ilha que se escreve por si mesma.

Não viveste para saber que este dia seria assinalado.

Saudades avô. Estarás sempre no meu coração