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Venezuela diz estar pronta para defender os seus direitos históricos sobre Essequibo

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FOTO EPA/RAYNER PENA R

O Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, disse esta sexta-feira que a Venezuela está pronta para defender os seus direitos históricos sobre a região de Essequibo, território em disputa com a vizinha Guiana.

A posição da Venezuela foi dada a conhecer um dia depois de Georgetown, capital do pequeno país, pedir ao Tribunal Penal Internacional (TPI) que trave as intenções da Venezuela de eleger, nas eleições regionais previstas para 25 de maio, um governador para Essequibo, território em disputa entre ambos países.

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"Manejaremos [a disputa] com uma diplomacia bolivariana de paz e firmeza patriótica. E a Venezuela, neste caso, também ganhará. Não se enganem sobre a Venezuela. Estamos prontos para defender a nossa honra e o nosso direito histórico", disse Maduro num vídeo divulgado na rede social Telegram.

Maduro considera no vídeo que é "totalmente correto" chamar o Presidente da Guiana, Irfaan Ali, de "o Zelensky das Caraíbas".

"A Guiana Essequiba faz parte da Guiana Venezuelana. Desde o tempo da Capitania Geral em 1777, desde o tempo da nossa independência, todos os mapas reconhecidos por todo o mundo mostram que a Guiana de Essequiba não nos foi dada por um império. Nós conquistámo-la com a espada libertadora de Bolívar [Simón, o Libertador] a sangue e fogo", afirma o líder venezuelano.

Maduro diz tratar-se de uma reivindicação que a Venezuela tem feito pela via diplomática e que a Guiana não pode dispor de um mar não delimitado, ignorando o direito internacional e os direitos da Venezuela.

"O senhor Irfaan, Presidente da Guiana, tem de retificar imediatamente e deixar de provocar a Venezuela, deixar de violar as leis internacionais, sentar-se e falar cara a cara comigo" afirma ainda.

Maduro questiona o "que temerá o Zelensky das Caraíbas, que não honra os acordos".

A Guiana anunciou na quinta-feira que pediu ao Tribunal Penal Internacional (TPI) que trave as intenções da Venezuela de eleger, nas eleições regionais previstas para 25 de maio, um governador para Essequibo.

O pedido foi dado a conhecer pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação Internacional da Guiana, através de um comunicado na sua página na internet.

A Guiana diz ter informado o TPI que as eleições venezuelanas "seriam inevitavelmente precedidas de atos preparatórios, inclusive na região de Essequibo da Guiana, que afetariam a população guianense e a soberania da Guiana sobre o seu território".

Segundo Georgetown, é a segunda vez que a Guiana solicita medidas cautelares ao TPI, que ordenou, em 01 de dezembro de 2023, que "a Venezuela deve abster-se de tomar qualquer medida que modifique a situação que prevalece atualmente no território em litígio, em que a Guiana administra e exerce controlo", "enquanto se aguarda uma decisão final" sobre o caso.

A Guiana afirma que a realização de eleições no território em disputa "viola flagrantemente essa ordem".

Em 05 de março último, Nicolás Maduro anunciou que tomaria medidas para deter as atividades de exploração petrolífera da norte-americana ExxonMovil, a serviço da Guiana, em águas de Essequibo.

Em 02 de março, Caracas denunciou que 28 navios de perfuração petrolíferos estrangeiros estão a operar nas águas de Essequibo, em violação do direito internacional.

Caracas assegurou também que as Forças Armadas da Venezuela se preparam para responder a ameaças à sua integridade territorial.

Com cerca de 160 mil quilómetros quadrados, Essequibo, uma região rica em petróleo, representa mais de dois terços do território da Guiana e abriga cerca de um quinto da população, correspondente a cerca de 125 mil pessoas.

A reivindicação da Venezuela tornou-se mais premente desde que a ExxonMobil descobriu petróleo no Essequibo, em 2015, tendo a tensão entre os dois países aumentado desde então.

Para a Venezuela, o rio Essequibo devia ser a fronteira natural, como era em 1777, durante a época do império espanhol. A Guiana argumenta que a fronteira, que remonta à era colonial britânica, foi ratificada em 1899 por um tribunal arbitral em Paris.

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