“Os motores de pesquisa como a Google ainda é, à data de hoje, a maior revolução”
Carlos Soares, Professor Associado na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Apesar de a Inteligência Artificial (IA) ser muito mais do que aquilo que estamos a viver, Carlos Soares, Professor Associado na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) está convencido que estamos ainda muito longe da tal IA geral. Aconselha por isso a ter redobradas cautelas quando se arrisca prever o que será o futuro com a IA.
“Devemos ter muita cautela a fazer previsões, É muito importante olharmos para o passado, para não estrarmos em paranóia, por um lado, e por outro para identificarmos os riscos”, aconselhou aos presentes na oitava edição das Conferências ‘Inovação e Futuro’, evento organizado pelo DIÁRIO, tem como foco a Inteligência Artificial Generativa.
O Professor da FEUP, o primeiro dos três oradores convidados para esta conferência, começou a intervenção dando conta que a IA não é uma ferramenta nova, embora tenha ‘explodido’ com o ChatGPT.
Criticou o facto de hoje toda a gente falar e opinar sobre IA, que em muitas situações resultam em disparates. Daí recomendar o mínimo de conhecimento, sobretudo para quem fala de IA em público. “Aspecto fundamental é as pessoas estarem minimamente informadas”, reclamou.
A trabalhar na área desde 1993/94 e com a primeira publicação científica em 1997, Carlos Soares recua a meados da década de 90, quando surgiu o AltaVista, dos primeiros motores de pesquisa na internet, que antecedeu o surgimento da Google.
Na opinião deste académico “os motores de pesquisa como a Google ainda é, à data de hoje, a maior revolução em termos de sistemas de recolha”. Tanto que “não tem comparação possível” o que era de 94 e depois de 94. “Hoje em dia ninguém tem medo do motor de pesquisa Google”, que continua a fazer muitas coisas boas por nós.
É também da opinião que “nós estamos a utilizar o termo IA hoje em dia de forma errada”, ao concluir que “a IA é muito mais do que aquilo que nós falamos hoje”.
Reconhece que o ChatGPT é uma coisa fantástica porque “calcula muito bem a probabilidade das palavras” e por isso “a capacidade de adivinhar qual é a próxima palavra é brutal”, aponta.
Ainda assim não alinha que a IA será a solução para quase tudo. “Não tenho dúvidas que vamos ficar desapontados”, afirma. Justifica esta apreciação recuando a 2017, quando surgiu um sistema que ia substituir todos os médicos e entretanto não só não teve sucesso como desapareceu.