Zelensky diz que a Rússia "não quer qualquer tipo de paz"
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse hoje estar convencido de que "a Rússia não quer qualquer tipo de paz".
Zelensky manifestou o seu ceticismo relativamente à disponibilidade de Moscovo para um processo de paz após uma cimeira em Paris que reuniu cerca de 30 países aliados de Kiev e que durou mais de três horas no Palácio do Eliseu, em Paris.
A cimeira teve como objetivo finalizar as garantias de segurança para Kiev, incluindo uma possível mobilização militar europeia no âmbito de um futuro acordo de paz com a Rússia, o que continua a ser altamente hipotético.
"A Ucrânia teve a coragem de aceitar um cessar-fogo incondicional. Não houve resposta russa, mas novas condições [estabelecidas por Moscovo] e intensificação dos ataques" na Ucrânia, resumiu a situação o Presidente francês, Emmanuel Macron, aproveitando para se associar às críticas de Zelensky.
"A Rússia finge abrir negociações para desencorajar o adversário e intensificar os ataques", denunciou Macron.
Sob pressão norte-americana, Kiev concordou, em 11 de março, com uma cessação de combates por 30 dias.
Na terça-feira, após negociações na Arábia Saudita, mediadas por Washington, foi anunciado um acordo para levar, sujeito a condições, a uma trégua no Mar Negro e a uma moratória sobre ataques contra instalações energéticas.
Contudo, como condição para prosseguir à mesa das negociações, Moscovo quer o levantamento das restrições às exportações agrícolas russas, uma ideia apoiada pela Casa Branca.
Kiev nega violação da trégua e devolve acusação a Moscovo
As forças ucranianas negaram hoje acusações russas de ataques a instalações energéticas na Rússia e na Crimeia, em alegada violação do acordo de trégua parcial, ao mesmo tempo que imputaram a Moscovo bombardeamentos contra as suas infraestruturas.
"A declaração do Ministério da Defesa russo [sobre a alegada violação pela Ucrânia dos termos de cessação das hostilidades contra instalações energéticas] não é verdadeira", afirmou o comando do Exército ucraniano no Facebook.
Anteriormente, Moscovo acusara a Ucrânia de ter realizado ataques contra três instalações energéticas russas na quarta-feira e hoje, alegando que Kiev não estava a respeitar o acordo de tréguas entre os dois países e limitado a estas infraestruturas.
Segundo o Ministério da Defesa russo, dois ataques tiveram como alvo a região de Bryansk e outro a Crimeia, a península ucraniana anexada por Moscovo em 2014.
Em simultâneo, uma alta autoridade ucraniana citada pela agência France Presse (AFP) disse por seu lado que a artilharia russa bombardeou a cidade de Kherson, no sul do país, deixando a maioria dos seus residentes sem energia, indicando que Kiev está a tratar o assunto como uma "clara violação" da moratória aos ataques a este tipo de infraestruturas.
"Houve um ataque que não parecia ter como alvo o setor energético, mas o setor energético foi atingido", afirmou a autoridade ucraniana falando sob anonimato, adicionando que "isto levanta uma questão real sobre os limites do cessar-fogo, sobre o seu controlo".