Estamos fartos de democracia
Os resultados das últimas eleições na região provaram que os madeirenses querem a estabilidade política a qualquer preço, penalizaram os culpados de tantas eleições, e apostaram na estabilidade mesmo que isso tenham de pagar um preço bem elevado, que tenham de relegar a liberdade para segundo plano substituindo-a pela submissão, a veneração, e a tolerância a tudo o que diga respeito a afetar a qualidade de vida desta terra. Tudo o que a partir de agora seja sinal de protesto por qualquer situação que venha a prejudicar os madeirenses só existirá um culpado, o próprio povo que não se adapta à verdadeira essência da democracia. E não me digam que num universo de 142.960 votantes dos 255.380 eleitores inscritos, não há ninguém que perceba, afinal o povo quer uma democracia que não dê muito trabalho a eleger os governantes, que os eleitos terão carta branca para continuarem a fazer o seu trabalho pois tudo o que se diz de mal do sistema não justifica perder tempo em mudar o que quer que seja, pois já diz o ditado popular: é melhor o mau conhecido do que o bom por conhecer. Uma coisa foi conseguida neste ato eleitoral, a cremação da dita extrema esquerda, isso expressa o conservadorismo da nossa sociedade.
A liberdade acarreta muita responsabilidade e a democracia dá muito trabalho. No Brasil alguém disse uma vez a propósito de um autarca: rouba, mas faz. Para muitos isto é democracia, para os que votaram no partido vencedor, é assim que a democracia funciona, para a oposição um lamento por não terem sido capazes de passar a mensagem pois afinal como todos diziam a mesma coisa o povo foi (inteligente) e acabou com uma despesa, a de andar cada três meses a votos e dar o aval a quem já tem experiência no assunto. Por agora e por 4 anos salvo não haja alguma calamidade na justiça, tudo se estabilizará, o governo governará, os vencedores não podem protestar, quando forem a uma consulta e tiverem de esperar 6 meses, um ano ou mais por uma cirurgia. Não poderão reclamar pela inflação, por não ter um transporte ferry alternativo para saírem da ilha, por pagarem custos elevados dado o monopólio dos transportes de mercadorias. Enfim anda a dizer de tudo o que de bom a região proporciona aos seus habitantes nesta ilha cheia de troféus. Afinal a Singapura do Atlântico parece que atingiu o seus auge e a partir de agora será o nivelar da sociedade de modo a que cada quem espere pela sua oportunidade, porque os que estão acomodados mas ansiosos passarão a estar confortavelmente descontraídos pois o povo é quem mais ordena e passou um atestado de incompetência ao ministério público e a ordem será para continua o modelo exemplar de sucesso dum povo relativamente superior, que não se quer dar à maçada de perder o seu tempo com a democracia. Há mais coisas a fazer nem que seja sofrer em silencio os que não contribuímos para a estabilidade, seremos rotulados de desestabilizadores para todos os que com satisfação comemoram os resultados duma justa vitória dada a incompetência da oposição. Acho que até merece um louvor a demonstração de obediência ao regime por parte do eleitorado desta terra que marcará um recorde ( não é só CR/ que tem esse direito) da permanência dum só partido no poder. Não sei se irei perder mais tempo com a democracia ou será a nossa (democracia) que não me dará mais oportunidade de dedicar mais algum do meu tempo, será que vale a pena?
A. J. Ferreira