CDU ficou a 65 votos de eleger deputado, Edgar admite “resultado negativo”
A CDU registou um aumento da sua votação superior a 300 votos, mas faltaram-lhe 65 votos para eleger o seu deputado, principal objectivo desta candidatura neste sufrágio. Por isso, o semblante dos militantes era carregado e o sentimento de desalento na sede da Rua João de Deus.
Até à contagem dos votos da última freguesia, havia esperança na recuperação do mandato parlamentar perdido nas eleições de Maio de 2024. Mas no fim as notícias não eram boas. “As eleições regionais hoje realizadas saldam-se por um resultado manifestamente negativo. Desde logo, porque a CDU não logrou recuperar sua representação parlamentar por 65 votos. Facto tão mais negativo quanto a maioria obtida pelo PSD confirma as condições para prosseguir a sua agenda de retrocesso e exploração”, começou por dizer Edgar Silva.
O cabeça-de-lista considera que “a ausência do PCP na Assembleia Legislativa da Madeira deixará de fora aquela que é a força coerente, corajosa e combativa que tem enfrentado a governação e o poder político do PSD” e “privará no plano institucional os trabalhadores e o povo de uma voz e presença que afirme os seus direitos, denuncie injustiças e apresente as soluções capazes de responder aos seus problemas”.
Na avaliação de Edgar Silva, os resultados gerais “reflectem a descredibilização da vida política regional”, visto que o PSD é premiado com mais votos apesar do quadro de múltiplos casos de suspeita que envolvem governantes e outros responsáveis políticos, com suspeitas de corrupção e promiscuidade entre o poder político e o poder económico. A este respeito, comparou a situação ao caso de Isaltino Morais, que após cumprir pena de prisão “teve uma maioria reforçada”. “O crime compensa nestas situações. O crime, entenda-se, enquanto metáfora política, não enquanto elemento de apreciação de cariz judicial”, lamentou.
Quanto ao resultado da CDU, considera que “não é separável do ostensivo silenciamento e deplorável menorização que a comunicação social alimentou”, bem como dos “efeitos da promoção de ilusões quanto a falsas alternativas a partir de forças que, tendo no essencial opções idênticas às do PSD, se proclamavam como ‘alternativa’, a par de uma dispersão em opções inconsequentes e em votos de um protesto desprovido de sentido”.
Olhando para o mandato de quatro anos que está pela frente, Edgar Silva prevê que, “independentemente dos arranjos de governação que se venham a desenhar, o que fica claro é que quem continuará a comandar a vida regional são os interesses dos grupos económicos, com, a sua teia de influência e domínio, com a patenteada promiscuidade que arrastou a Região para a situação que se conhece”.
Quanto ao futuro da CDU, Edgar Silva garante que continuará a ser a voz e a força do povo. Estará “ausente do parlamento mas não na vida de todos os dias, onde o PCP prosseguirá a sua intervenção de sempre, marcando presença em todos os momentos e em todos os locais em que a defesa dos direitos dos trabalhadores e do povo se tiver de fazer ouvir”. “É esse compromisso de uma força que não se rende às injustiças e aos interesses dos poderosos com que o povo da Região sabe poder continuar a contar. Essa força que não faltou nem faltará ainda que sem as condições de intervenção que resultariam de o objectivo de regresso ao parlamento ter sido concretizado”, completou o dirigente comunista madeirense, que terminou com uma saudação a todos os candidatos e activistas que estiveram empenhados nesta campanha.