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Só eu seu porque não fico em casa

Os madeirenses preparam-se de novo para votar e escolher os seus governantes regionais. Depois de 50 anos de (autonomia), de 49 anos de hegemonia dum só partido o PSD, depois de 36 anos e 85 dias de liderança de A. J. Jardim e depois de no dia 29 de março de 2015 Miguel Albuquerque assumir a liderança do Governo Regional, nada foi como dantes. Depois de nos últimos 18 meses os eleitores serem chamados pela terceira vez a eleger os seus representantes, mostra claramente que o regime está em decadência. As razões que levaram a estes sucessivos atos eleitorais é de todos conhecida, suspeitas e acusações de atos abusivos de corrupção, um flagelo que está a por em causa a credibilidade da classe política e em risco a própria democracia. Mas porque será que cada vez menos o povo desconfia ou pior ainda, já não acredita nos políticos. Porque os mais de 50% de eleitores que se recusam a votar não se identificam com este modelo de democracia que tem sobrevivido muito à custa das promessas e do perpetuar de necessidades das populações. Parece que essas necessidades e a falta de cumprimento de promessas muitas das quais diria utópicas, demasiado ambiciosas para poderem ser cumpridas transformaram-se em condimento de aversão por parte do eleitorado. Como com mensagens contraditórias e vazias os partidos querem passar uma mensagem que apenas utilizam o ataque constante, com a cidade cheia de poluição, ocupando apenas um espaço visual e criar ruído como se existisse uma luta entre quem ocupar mais espaço é o que tem mais voz. Qualquer uma das frases utilizadas encaixariam perfeitamente em qualquer um dos partidos, sinal de que a mensagem é de um grau de hipocrisia com muita equivalência e semelhança. Ao olhar para a paisagem saturante, leva a que a maioria já tente desviar o olhar à procura de algum sossego num espaço que se quer acolhedor, ou nas abordagens de rua fugirem para a outra margem. Expressões depreciativas, pouco motivadoras, mas sobretudo demasiado agressivas para ser utilizada como forma de tentar cativar e comunicar o que será uma futura forma de gestão para um qualquer possível candidato a governante. As mesmas expressões são utilizadas pelas diferentes forças políticas há décadas fazendo ver a falta de imaginação para mudar a forma de comunicar. Depois o partido eternizado no poder desta vez tem (vergonha) dos seus candidatos pois estão descaracterizados enquanto os restantes tentam com alguma imagem sorridente passar a ideia que tudo se irá resolver com um simples sorriso, ainda outros que outrora foram de certa forma cúmplices da atual situação de forma demagógica tentam fazer acreditar que a solução está no depositar confiança no seu voto. Tudo isto leva a que os eleitores sintam uma enorme vontade de ficar em casa como sinal de protesto, indignação e revolta, num tal estado de descrédito e desilusão que nada foi feito para mudar este estado de coisa. Só haverá uma solução: encher-nos de coragem e massivamente votar contra um sistema que parece não querer devolver a democracia aos cidadãos. O primeiro ato de cidadania terá de ser o de MUDAR, mas mudar de atitude para que algo mude. Utilizar a abstenção, o voto branco ou nulo só irá reforçar a decadência da democracia e tornar-nos cúmplices do mau uso que demos à liberdade conquistada. Por tanto; o único modelo para que algo possa vir a acontecer será o de começar por mudar de atitude e votar naquele que não sendo o melhor, mas ao menos que venha a demostrar que podemos fazer com que algo mude. Aqueles que acham perpetuar no poder qualquer que sejam as suas políticas só tem um resultado: o povo é sempre a vítima. Porque a vida é grata com aqueles que ao menos tiverem coragem para mudar.

A. J. Ferreira

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