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O Bem Maior

Alberto João Jardim assinou recentemente um artigo a que chamou “o mal menor” - que também podia ser, em boa verdade, o título deste, mas com uma diferença fundamental: é que, na minha opinião, o PSD é de muito, muito longe, o maior mal que a Madeira tem.

Sei bem que o entusiasmo dos madeirenses com as eleições regionais do próximo domingo é pouco, ou nenhum. Confrontados com as opções que lhes restam, muitos escolherão o seu mal menor - mas talvez possamos todos votar também a pensar no nosso bem maior, que é esta Madeira que nos une.

Durante as últimas semanas, foram vários os exemplos que tivemos dessa Madeira maior. Tivemos os NAPA, que, com o apoio do André Santos, ganharam o Festival da Canção com uma música intemporal, um hino ao nosso bem maior, mas também à dor maior que liga todos os deslocados - os nossos e os outros espalhados pelo mundo fora, como a Europa poderá ouvir em breve. Tivemos o João “Naza114” Vieira a ganhar um dos maiores torneios de poker do mundo, para confirmar que há talento infinito nos Bairros da Nazaré como o nosso, ou no das Malvinas da Patrícia Gouveia, que também leva a Madeira pelo mundo fora. Tivemos o José Diogo Costa a ser distinguido como “Jovem Chef do Ano”, de acordo com o famoso Guia Michelin. São eles e muitos outros como eles o nosso bem maior: o bem maior de uma Região que transpira talento sempre que trabalha. São eles o futuro desta Madeira amarrada a um passado de que ainda não se desfez.

Por coincidência do destino e por motivos profissionais, à hora a que escrevo este artigo, deslocado e sentado num jardim de Lisboa, já votei - e votei para mudar a Madeira, inspirado em todos eles. Votei no mal menor, para afastar o nosso mal maior comum e a pensar no bem maior de todos. Toda a gente conhece a minha história política: está quase toda nas páginas deste Diário, para o qual escrevo há dez anos, sempre à espera de uma mudança que não chegou. Desde que “saí de palco”, em 2020, escrevi tudo o que achava sobre a vida política regional e o meu partido - e desde os incêndios do último verão, não hesitei em apelar publicamente à apresentação de uma moção de censura que tardou em chegar; à aprovação da que surgiu, apesar das vozes discordantes e acomodadas que logo apareceram; e à apresentação de uma alternativa que fosse reconhecida por todos os madeirenses, com uma nova liderança, novos protagonistas e credibilidade reforçada. Um projeto que inspirasse e mobilizasse a maioria dos madeirenses. Não escondi o meu desalento por não termos atingido esse feito.

Ainda assim, sabemos todos com que letras se escreve o nome do mal maior da nossa terra. Muitos dirão que nem sempre foi assim - mas pelo menos agora é e chama-se PSD. É verdade que há outros males por aí, como o discurso xenófobo e racista do CHEGA, ou como o discurso oportunista do CDS. Há outros que são de desconfiar, como o mundo individualista em que acredita a IL - mas há alternativas. Em política e democracia, há sempre alternativas.

No limite, escolha o seu mal menor: o mal menor entre os candidatos a Presidente do Governo; o mal menor entre as listas de deputados; o mal menor entre os programas eleitorais; o mal menor entre os possíveis acordos futuros.

Vote ou não, satisfeito ou insatisfeito, certo é que no dia 23 teremos eleições e depois um novo governo - e por isso mais vale fazer valer a sua opinião, votando. 50 anos de mais do mesmo e de mais dos mesmos tiveram as consequências que estão cada vez mais à vista de todos: a degradação progressiva do nosso bem maior. Vote por ele: vote pela nossa Madeira, que precisa mesmo de mudar.