Três funcionários de organização suíça mortos na RDCongo
Três funcionários locais da organização não-governamental Entraide Protestante Suisse (EPER) foram mortos num ataque no leste da República Democrática do Congo (RDCongo) onde se registam violentos combates.
Segundo um comunicado da EPER, os três funcionários contratados localmente foram atacados e mortos durante uma missão humanitária no território de Rutshuru, no Kivu do Norte, na quarta-feira.
A organização não-governamental (ONG) anunciou que suspendeu todas as atividades no Kivu do Norte "até nova ordem".
A ONG suíça desenvolve atividades no país desde 2019 em casos de ajuda de emergência e reconstrução.
Em particular, a organização está a trabalhar na reabilitação de estradas bem como nas melhorias do acesso à água potável e em projetos agrícolas e de piscicultura destinados a desenvolver meios de subsistência sustentáveis.
Os projetos da EPER na RDCongo beneficiaram em parte da ajuda da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), que foi congelada pelo Presidente Donald Trump.
A ONG também recebe apoio financeiro da União Europeia, do Fundo Humanitário do Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários e da Agência Suíça para o Desenvolvimento e Cooperação.
Entretanto, os 47 países membros do Conselho dos Direitos do Homem da ONU vão decidir hoje se enviam uma missão de inquérito urgente para investigar os abusos cometidos no leste da República Democrática do Congo, onde se registam violentos combates.
"Hoje, a comunidade internacional lamenta o facto de não ter atuado em 1994 para impedir o genocídio (do Ruanda). A RDCongo gostaria de apelar a esta comunidade internacional para que diga: cuidado, o mesmo Presidente Kagame, cujo povo foi vítima de genocídio, está a fazer a mesma coisa", afirmou Julien Paluku, antigo governador do Kivu do Norte e atual Ministro do Comércio Externo, numa conferência de imprensa em Genebra.
"Esta vai ser uma oportunidade para nós (...) pedirmos ao mundo que atue, que pare o que está a acontecer", insistiu o porta-voz do governo de Kinshasa, Patrick Muyaya.
A República Democrática do Congo solicitou esta reunião, com o apoio de cerca de 30 países membros do Conselho, para analisar a crise no leste do país, onde o grupo armado M23, apoiado pelo Ruanda, tomou o controlo da cidade de Goma.
Conselho dos Direitos Humanos da ONU reúne-se de emergência
O Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas realiza hoje uma reunião de emergência para analisar a crise no leste da República Democrática do Congo (RDCongo) e o seu impacto nos direitos humanos.
A reunião extraordinária foi pedida pelas autoridades da RDCongo, com o apoio de várias dezenas de países membros do Conselho e por observadores.
Em discussão vai estar o impacto nos direitos humanos com o intensificar do conflito no leste da RDCongo, onde o movimento rebelde M23, apoiado pelo vizinho Ruanda, segundo confirmação das Nações Unidas, consolidou o controlo nesta vasta região, rica em minérios e metais preciosos, fundamental para a indústria e tecnologia mundiais.
O M23 anunciou unilateralmente na passada segunda-feira à noite que iria aplicar um cessar-fogo a partir de terça-feira por razões humanitárias.
Mas, depois de terem tomado Goma, capital da província de Kivu Norte, na semana passada, o M23 e as tropas ruandesas lançaram na quarta-feira uma nova ofensiva na província vizinha de Kivu Sul e conquistaram a cidade mineira de Nyabibwe, a cerca de 100 quilómetros da capital Bukavu e a 70 quilómetros do seu aeroporto.
O M23 quebrou assim o cessar-fogo que o próprio movimento tinha decretado "por razões humanitárias".
Os combates pelo controlo de Goma fizeram pelo menos 2.900 mortos, segundo um balanço provisório da ONU.