“Governar não pode ser distribuir favores ou usar o governo como bolsa de negócios pessoais”
Paulo Cafôfo adverte que “a instabilidade não acabará nunca, com Miguel Albuquerque à frente do governo”
“Governar não pode ser distribuir favores, usar o governo como bolsa de negócios pessoais, facilitar só para os amigos ou comprar votos usando a fragilidade de quem pouco ou nada tem. Governar é servir. Governar é empoderar e capacitar pessoas. É tratar todos por igual. É resolver. É ter a coragem de dizer não. Não aos que tentam corromper. Não aos que não foram eleitos e querem mandar. Não aos que pensam que o povo é para ser usado e abusado. Não! Não! Não!”. Palavras de Paulo Cafôfo na intervenção que marca o reinício dos trabalhos do XXII Congresso Regional do PS Madeira, a decorrer, hoje e amanhã, No Centro de Congressos da Madeira, no Funchal.
O presidente dos socialistas madeirenses sustenta que o que faz falta é muito mais do que animar a malta com festas, ao parafrasear a canção de Sérgio Godinho: “Só há liberdade a sério quando houver A paz, o pão, habitação, saúde, educação. Só há liberdade a sério quando houver Liberdade de mudar e decidir, quando pertencer ao povo o que o povo produzir”.
Antes recordou que o Partido com 50 anos de história “é, antes de tudo, reflexo das aspirações de um povo que deseja mais prosperidade, mais progresso social, mais justiça, mais igualdade, mais oportunidade, mais bondade, mais tolerância e mais humanismo. O socialismo democrático, como é o nosso, procura que cada pessoa possa ter sucesso, mas esse sucesso não é conseguido à custa do outro, de espezinhar o outro, de enganar o outro”, declarou.
Para o também candidato a presidente do Governo Regional, “infelizmente, o PSD tem, nesta nossa Região, procurado destruir o sentido de comunidade. Cultiva-se o ‘nós’ e ‘eles’. Usa-se a manipulação, a intriga, a chantagem, o medo, procurando dividir para ficar a ganhar”, acusa.
Aos presentes reafirmou ser candidato em nome do Partido Socialista e em nome de muitos madeirenses e porto-santenses “que desejam outro governo, outro presidente, e alguém que de forma honesta, concretize, que execute com coragem, que faça diferente, para não andarmos com os mesmos assuntos, os mesmos problemas, todos os anos, toda uma vida”. Em suma, “sou candidato para fazer e não para apenas prometer”, complementou.
Paulo Cafôfo aproveitou a ocasião para reafirmar que ao contrário do PSD e de Miguel Albuquerque deu o exemplo do que é ser democrata e não ter medo dos militantes do partido a que pertence. “E é esta democracia que quero que a uma Madeira livre de medo, tenha com o Partido Socialista”, sustentou.
Para o líder regional dos socialistas este Congresso abre também “a possibilidade de um novo ciclo na história da Região”, cujo guião é a Moção de Estratégia Global que que apresenta ao Congresso sob o lema ‘Estabilidade e Compromisso’.
Sobre as próximas eleições, as Regionais antecipadas para dentro de um mês, reforça que “estas não serão mais umas eleições. Será o momento de decidir entre continuar no mesmo caminho, ou abrir as portas à mudança e à esperança”. Cafôfo diz acreditar na mudança, crença reforçada pelo que diz ouvir das pessoas.
Reforça que “a política precisa de verdade, as pessoas merecem a verdade, a ética e a transparência. Mas sabemos que só a boa política não basta. As pessoas precisam de comer. Tenho uma noção muito prática da política. Não basta fazer manchetes nos jornais com recordes do PIB, crescimento económico em meses contínuos, números de turistas para encher tabelas de Excel, quando continuamos como uma das regiões mais pobres do país, com menor poder de compra, salários mais baixos, e com um presidente que se ‘engana’ por excesso no ganho real do salário mensal bruto na Madeira”.
Feita a introdução, deixou claro que o PS não quer um crescimento qualquer da economia. “Queremos um crescimento que chegue a todos e não só a alguns e uma economia que cresce e cujos salários acompanham”.
Sobre o estado da Saúde na Região, “incapacidade é a palavra que melhor caracteriza o nosso sistema de saúde. Caos nas urgências, com pessoas durante dias nas macas e nos corredores, anos de desespero em listas de espera, falta de medicamentos por falta de pagamentos, calotes às casas de saúde pelo internamento de doentes, taxistas a queimar combustível sem nada receber pelo transporte de doentes, falta de médicos e de enfermeiros. Mas há mais. Mais de 200 pessoas internadas apesar de terem alta, as chamadas altas problemáticas, porque as famílias não têm condições de as ter em casa e o governo não acha soluções”, apontou.
Razões para condenar a “ineficiência na saúde” que “indigna” e “envergonha”.
A habitação foi outro dos sectores em destaque, prometendo que o PS-M “colocará a habitação no centro da sua governação: construiremos mais habitação pública e a preços acessíveis. Apoiaremos os jovens e a classe média para que possam comprar a sua primeira casa”.
O professor falou ainda da Educação para reclamar a “democratização da educação e o sucesso da educação, garantindo que todos tenham uma educação sem barreiras. Seja com as creches gratuitas ou garantindo o fim das propinas para os estudantes madeirenses no ensino superior”, apontou.
Baixar impostos, o IVA e o IRS, para o mínimo, aumentar o complemento regional para idosos em 1800 euros/ano, valorizar quem trabalha a terra, foram outras tónicas da intervenção de Paulo Cafôfo, que garante que o ‘seu’ PS “está pronto para ser governo” e “liderar a Madeira”.
Prometeu governar “com transparência, com ética e com as pessoas no centro das nossas decisões. É este o nosso compromisso”.
Reforça que “os tempos de maiorias absolutas acabaram e é necessário garantir estabilidade e governabilidade. Já se testou, à direita, várias soluções lideradas pelo PSD. Todas levaram à instabilidade. E a instabilidade não acabará nunca, com Miguel Albuquerque à frente do governo. Sobre ele pendem processos judiciais, que abanam o governo e, mais ou cedo ou mais tarde, terão desenvolvimentos que causarão ainda mais instabilidade. Está na hora de olhar para o outro prato da balança, de dar a oportunidade e se testar um governo liderado pelo PS”, concluiu.