Empresas menos endividadas e famílias com mais dívida por pagar
Rácio de crédito vencido (malparado) das sociedades não financeiras diminuiu em 2024 face ao mesmo período de 2023, enquanto o das famílias aumentou ligeiramente
No final do ano passado, havia na Madeira 5.100 empresas com quase 1.774 milhões de euros de dívida à banca, aumentando tanto o número de empresas endividadas como o montante. Contudo, no crédito malparado, aquela dívida que deixaram ultrapassar os prazos, diminuiu consideravelmente, o mesmo ocorrendo no número de empresas nessa condição. Mas isso já não se pode dizer das famílias (onde se incluem as instituições sem fins lucrativos), em que 3 em cada 4 euros dos mais de 3.031 milhões de euros em dívida correspondiam ao peso da dívida da habitação, tendo aumentado o número de devedores e o valor da dívida 'pregada' ao tecto, maioritariamente (4 em cada 5 euros) era devido a crédito ao consumo.
"Segundo os dados do Banco de Portugal, no final de 2024, o saldo do volume de empréstimos concedidos a cerca de 5,1 mil sociedades não financeiras (SNF) na Região totalizava 1.773,8 milhões de euros, o que representa uma redução de 123,6 milhões de euros (-6,5%) em relação ao mesmo período de 2023", informa hoje a DREM. "Contrariando a tendência decrescente observada nos dois anos anteriores, em 2024, o número de sociedades com empréstimos aumentou para os 5,1 mil (4,9 mil em 2023), voltando aos níveis de 2022", frisa.
Por sua vez, "o montante de empréstimos vencidos (crédito malparado) no âmbito da SNF fixou-se, em dezembro de 2024, nos 12,5 milhões de euros, decrescendo 6,8 milhões de euros (-35,2%) comparativamente ao mesmo mês de 2023. Assim, o rácio de empréstimos vencidos na Região diminuiu entre o final de 2023 e o final de 2024, de 1,0% para 0,7%, distanciando-se da média nacional (1,8%; 2,0% em Dezembro de 2023), com o diferencial favorável à RAM, a passar de 1,0 p.p., no final de 2023, para 1,1 p.p., no final de 2024", salienta em nota positiva.
Já a "percentagem de devedores do sector das SNF com empréstimos vencidos, no final de 2024, era de 13,8%, situando-se ligeiramente abaixo da média nacional (14,0%), contrariamente ao que sucedia no final de 2023, com a percentagem regional (14,4%) a se fixar então, acima da nacional (14,1%). Esta circunstância deriva do facto de, nesse período, este indicador ter diminuído 0,6 p.p. na Região e apenas 0,1 p.p. a nível nacional", aponta outro indicador favorável.
Contudo, como referido, "no sector das famílias e das Instituições Sem Fins Lucrativos ao Serviço das Famílias (ISFLSF), o saldo dos empréstimos concedidos era, em Dezembro de 2024, de 3.031,5 milhões de euros, superior aos 2.909,9 milhões de euros (+4,2%) registados no final do ano anterior", sendo que "74,7% daquele saldo referia-se ao segmento da 'habitação', enquanto os restantes 25,3% eram destinados ao 'consumo e outros fins'. Comparativamente a Dezembro de 2023, o saldo dos empréstimos concedidos ao primeiro segmento aumentou 3,5%, enquanto no segundo segmento o aumento foi superior, de +6,4%", afiança.
A Drireção Regional de Estatística explica ainda que "o rácio de crédito vencido no sector das famílias e ISFLSF era, em Dezembro de 2024, de 0,9%, mais 0,1 p.p. que o verificado a nível nacional, com o montante de empréstimos vencidos a totalizar 26,1 milhões de euros. Face ao mesmo período de 2023, este rácio subiu 0,1 p.p. na Região, enquanto o valor dos empréstimos vencidos cresceu 2,3 milhões de euros. Relativamente aos empréstimos vencidos no segmento da 'habitação', os mesmos não ultrapassavam os 5,2 milhões de euros, representando um rácio de empréstimos vencidos de 0,2%, proporção ligeiramente inferior à nacional (0,3%). Contrariamente, no segmento do 'consumo e outros fins', o rácio de crédito vencido, era, no mesmo mês de referência, de 2,7%, superior ao nacional (2,6%), com o total de empréstimos vencidos a somar 20,9 milhões de euros".
Por fim, salienta a DREM que "o número de devedores no sector das famílias e das ISFLSF ascendia a 102,8 mil no final de 2024, o que representa um aumento de 1,8% em relação ao mesmo período de 2023. Este aumento é explicado pelo acréscimo de 2,5% verificado no segmento do 'consumo e outros fins' (87,2 mil), já que o número de devedores no segmento da 'habitação' (42,7 mil) diminuiu, ainda que ligeiramente (-0,9%)", podendo aqui estar um 'sinal' de preocupação e de não mudança de comportamentos no que toca ao consumo e da poupança.
"A percentagem de devedores (famílias e ISFLF) com empréstimos vencidos na RAM era, no final de 2024, de 6,1% na RAM e de 7,1% em Portugal. Face a um ano antes, estas percentagens não se alteraram na Região, mas diminuíram 0,1 p.p. no País", garante.