Alzheimer em pessoas com menos de 60 anos preocupa
Garouta do Calhau acompanha 30 doentes com demência nos dois centros de dia 'Lugar de Memórias'
Conferência 'Viver com Alzheimer: partilha de saberes' aborda a doença no seu todo
A doença de Alzheimer está em foco esta quarta-feira, 19 de Fevereiro, no auditório da Reitoria da Universidade da Madeira, no Colégio dos Jesuítas, onde decorre a conferência 'Partilha de Saberes – Viver com Alzheimer', promovida pela Associação de Desenvolvimento Comunitário do Funchal - Garouta do Calhau.
A iniciativa reúne especialistas de diversas áreas para abordar a doença no seu todo, reflectindo sobre o quadro de apoio aos doentes e às suas famílias.
Ao DIÁRIO, o psicólogo da Garouta do Calhau Gonçalo Fernandes revela que a associação acompanha diariamente 30 doentes com demência nos dois centros de dia 'Lugar de Memórias', localizados na Várzea e no Bairro das Romeiras.
Os utentes com Alzheimer têm, em média, 65 anos, mas, de acordo com o especialista, têm surgido casos de doentes com menos de 60 anos, um fenómeno classificado como "preocupante".
Por norma é mais frequente surgir a partir dos 65 anos, mas têm-nos chegado muitas pessoas com idades inferiores de 58, 59 anos, o que é preocupante. Nós, enquanto sociedade, temos de pensar no que podemos fazer para tentar evitar estas situações, tal como modificar os tais factores de risco. Gonçalo Fernandes
Nos centros de dia 'Lugar de Memórias', a Associação de Desenvolvimento Comunitário do Funchal - Garouta do Calhau promove o acompanhamento dos doentes com demência e dos seus familiares, através de uma abordagem centrada na pessoa doente.
Nós temos de pensar em cada um dos utentes e fazer um plano para cada um deles de forma diferente, tendo em conta aquilo que a pessoa gosta, tendo em conta o seu historial de vida, fazendo a estimulação cognitiva através de as actividades personalizadas para elas, temos a música terapia, a fisioterapia, a animação, entre outras actividades. De uma maneira geral, as pessoas aderem e eu acho que são um bocadinho mais felizes connosco. Gonçalo Fernandes
Gonçalo Fernandes destaca a importância dos familiares do doente com Alzheimer na intervenção, atentando que é importante que conheçam a doença: "Os familiares têm um papel fantástico, fundamental e difícil. Muitos familiares chegam-nos cansados, seja fisicamente, seja emocionalmente. Eles dão muito apoio aos seus familiares com demência. Nós, com eles, tentamos fornecer-lhes algumas ferramentas também para perceberem a doença".
O psicólogo participou na conferência 'Partilha de Saberes – Viver com Alzheimer' para abordar os factores de risco da doença, como prevenir a demência e falar sobre as intervenções não farmacológicas existentes.