Instituto do Vinho prepara campanhas de comunicação para o mercado americano
Esta é uma das estratégias já em vista para contrariar as medidas proteccionistas apontadas por Donald Trump. A instabilidade política foi apontada, por Tiago Freitas, como uma das razões para essas campanhas ainda não estarem 'na rua'
O presidente do Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira (IVBAM) não se mostra preocupado, pelo menos para já, com o possível agravamento fiscal dos Estados Unidos às importações, nomeadamente do Vinho Madeira, ainda que o mercado americano represente quase três milhões de euros.
É mesmo o maior mercado para países terceiros (fora do Espaço Económico Europeu), tendo, no ano passado, registado a venda de 210 mil litros, número que cresceu em relação ao ano anterior.
“Não sabemos ainda o que se passa, portanto não vale a pena estarmos aqui a morrer antes da doença”, apontou Tiago Freitas, quando confrontando com possíveis prejuízos para a Região, tendo em conta as posições já assumiras por Donald Trump quanto aos produtos estrangeiros.
“Vamos perceber o que vai acontecer e, a partir daí, trabalhar juntamente com os operadores económicos para tentar dar a volta à situação”, frisou aquele responsável esta tarde, aquando da visita de Miguel Albuquerque a uma exploração agrícola, dedicada à produção de uvas, sobretudo da casta terrantez, no Pico da Atalaia, no Caniço.
Reconhecendo os “constrangimentos ultraperiféricos” que o Vinho Madeira tem já na sua origem, o presidente do IVBAM afastou os “alarmes” ou “apreensões”, salientando que estão já a ser pensadas campanhas de comunicação para valorização do produto.
“O Vinho Madeira é um vinho patriótico”, salientou, lembrando o brinde feito no momento da independência daquele país. “Portanto, não pode ser um vinho que seja considerado um Cherry ou um Porto. E os americanos têm um grande carinho pelo Vinho Madeira. Por isso, não vão ficar à parte de todo o processo, vão fazer parte da equação”, sustentou Tiago Freitas, aos jornalistas.
Além disso, notou, que “todas as iniciativas que o Presidente Trump fizer em relação ao Vinho Madeira e a outros produtos da Madeira vão ter, também, repercussões no próprio consumidor americano, que também se vai queixar que o produto poderá, eventualmente, chegar mais caro”.
Ainda assim, Tiago Freitas acredita que “com promoção adequada” e “devidamente localizada”, em consonância com os operadores económicos regionais, “nada temos a temer”, acredita, confiante de que tudo se resolverá.
As campanhas, que requerem tempo e devem ser realizadas “de forma pensada”, só deverão arrancar “logo que tenhamos Governo”, com o presidente do IVBAM a aproveitar a ocasião para lamentar a instabilidade política que a Madeira tem atravessado nos últimos meses, uma forma de fomentar a aposta nesta casta “difícil”.