Produtor de terrantez espera chegar às 30 toneladas
Miguel Albuquerque visitou, esta tarde, a segunda maior produção desta casta nobre do Vinho Madeira, na Atalaia, no Caniço, deixando a nota de que as empresas de vinho têm de aumentar o preço pago ao produtor
João Vieira é viticultor há sensivelmente oito anos. Possui uma propriedade com 20 mil metros junto ao Pico da Atalaia, no Caniço, onde se dedica à produção de uvas verdelho e terrantez, esta última uma das castas mais nobres usadas na produção de Vinho Madeira. O objectivo passa por chegar às 30 toneladas de produção, sendo a maioria das parreiras da casta terrantez.
Aquando da visita do presidente do Governo Regional, na tarde desta quarta-feira, o viticultor não mostrou muito interesse em tornar-se, ele próprio, num produtor de vinho, salientando que a visão passa, pelo menos para já, pela produção de uva de qualidade para vender a terceiros, nomeadamente as casas de vinho.
Para dar esse passo, apontou, teria de ter uma maior área de produção, para não depender da compra das uvas para garantir uma vindima razoável.
João Vieira reconheceu as particularidades e dificuldades acrescidas associadas à produção de terrantez, mas mostra-se esperançando em conseguir alcançar a produção ideal de 30 toneladas, embora esteja, ainda, perante um vinhedo jovem, que ainda não alcançou o máximo de produção.
Ainda assim, tendo em conta a área vinha que possui, é já o segundo maior produtor de terrantez da Região. Para já, diz não contar com qualquer apoio financeiro, mas não coloca de parte a possibilidade de vir a recorrer às ajudas disponibilizadas pelo Executivo madeirense.
Quem reconhece o valor da produção assegurada pela exploração de João Vieira é Tiago Freitas.
O presidente do Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira (IVBAM), que acompanhou Miguel Albuquerque na ida ao Pico da Atalaia, justificava, mesmo, a visita desta tarde do presidente do Governo Regional com a importância de se “acarinhar” a produção de terrantez.
Aquele responsável não se coibiu de caracterizar de “heroico” o viticultor que se dedica à produção desta casta, tendo em conta “os cuidados especiais” que a sua cultura obriga.
Preço pago ao produtor tem de aumentar
Também Miguel Albuquerque destacou a importância da produção de terrantez para a qualidade do Vinho Madeira.
O presidente do Governo Regional frisou o aumento dos apoios estabelecidos desde que chegou ao poder. De caminho, recusou a ideia de que possa existir falta de terrenos para a produção vitivinícola, dizendo, antes, que as casas de vinho têm de aumentar o preço pago ao produtor, de modo a valorizar o seu trabalho.
“O problema que está aqui não é o problema dos terrenos. Ou pagam em consonância com aquela que é a expectativa dos produtores, e se não conseguirem pagar, com certeza que não é um problema de terrenos, pois o que pode acontecer é algumas das vinhas serem substituídas por banana”, sustentou, dizendo mesmo que esse será “uma falsa desculpa”.
A agricultura tem de ser rentável e os produtores têm de ganhar dinheiro, disse Miguel Albuquerque, esperando, por isso, que “o esforço” que o Governo Regional tem feito com as ajudas concedidas, seja “acompanhado pelos empresários”. Dando como exemplo os apoios concedidos à cana-de-açúcar.