Candidaturas
Estava um cidadão para aqui ansioso, esperando que, depois da tormenta da censura e queda do governo e da completa desconsideração da proposta de um Orçamento tão laboriosamente negociado, houvesse, neste momento, a chamada Epifania: e de tudo resultasse a apresentação ao povo ilhéu, de legiões de representantes (ditos “deputados”) que teriam como primeira preocupação e missão, devolver à nossa terra atlântica, uma coisa tão simples como a governabilidade.
Primeiro veio o Silva que ia alternar com o Lume e depois com a Sílvia e, depois, vice-versa. Nada de inesperado ou extraordinário, apenas a eterna interrogação sobre o que pessoas indubitavelmente inteligentes fazem, ainda, no PCP. Adiante, porque destas áreas, resultaria dificilmente a solução para a Região;
Depois vem o Bloco apresentar o Almada como novidade; nada tenho contra o personagem, mas já o vi, muitas vezes e em muitos lados;
Dos PTP, ADN, RIR, PCTP (ainda existe?) e outros grupúsculos de igualha, nem digo nada, já que a relevância é praticamente nula, fora uma ou outra patusquice que lá vai animando a malta.
Depois temos o PAN. Vou arriscar dizer que nunca levei esta malta a sério, e o tempo acabou por me dar razão. No entanto, por força doutras circunstâncias, os senhores do PAN, na sua insignificância, acabaram por ter um papel decisivo nas formações eventuais de maiorias parlamentares na Região, de tudo resultando um “Provedor dos Animais”. Nada tenho contra (antes pelo contrário), mas não será por esta via que veremos garantido o Futuro Radioso da Região. Teremos os “pets” mais felizes, o mundo será colorido, mas uma parte significativa do nosso povo continuará a ver o mundo a preto e branco e o chiqueiro, como o galinheiro, continuarão nos mesmos recantos das casas rurais.
A seguir vem o CDS/PP: deu o jeito ao maioritário, chegou aos lugares de poder, fez a festa! Neste momento, porém, qual “rosa enjeitada”, resignou-se a tratar da sua vida sozinho. E apresenta uma lista que, digam o que disserem, é de continuidade; não surpreende com um candidato inesperado que pudesse concitar algum entusiasmo popular; parece, afinal, que quer perder pelo mínimo possível.
Quanto ao JPP, de que muito, muitos esperavam, faltou-lhe também o atrevimento. Apresentou o óbvio e não arriscou um nome diferente que entusiasmasse, numa lista que, afinal é, basicamente, a mesma. Esperava-se mais deste partido que poderia, afinal, ser o peão decisivo de uma solução governativa.
Quanto à lista do PS só há uma expressão aplicável: “desilusão total”: tirando o catedrático do 6.º lugar da lista. O resto é lugrubamente igual: os mesmos Freitas, Caetanos, Martas, a ignóbil figura de Água de Pena, e a seguinte lista de gente que tem acumulado desaire atrás de desaire.
Cabia ao maior partido da oposição regional, inovar e apresentar novas caras e novas propostas, que pudessem entusiasmar a nossa população. Segue, porém, uma senda de clientelismo interno que, chegará dificilmente a algum sítio para além das cómodas bancadas da oposição.
Resta a lista do maior partido: o do PODER. E Miguel Albuquerque, arvorado em líder supremo, elaborou e mandou aprovar uma lista de candidatos a deputados que, nas atuais circunstâncias, é perfeitamente risível. Só por uma simples e única razão: porque repete!
Não tendo um nome relevante que o acompanhasse na aventura, avança com o seu número dois partidário: José Prada. A partir daí é repetir a lista anterior (com algumas ligeiras e insignificantes alterações).
O que significa Miguel Albuquerque, apresentar esta lista: demonstrar que não tem alternativa que os outros quadros que o PSD sempre disse que poderia produzir, não estão afinais disponíveis.
E, posto este quadro, perguntarão os leitores, como pergunto eu: em que Votar?
João Cristiano Loja