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Missão da ONU condena detenções antes da tomada de posse de Maduro

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Foto MIGUEL GUTIERREZ/EFE

A missão internacional das Nações Unidas para a Venezuela condenou hoje as recentes detenções de ativistas de direitos humanos e de figuras políticas da oposição, em vésperas da cerimónia de posse de Nicolás Maduro como Presidente.

Um dia antes da tomada de posse, que terá lugar na sexta-feira num ambiente de grande tensão, dado a maior plataforma da oposição considerar fraudulenta a vitória atribuída a Maduro nas eleições presidenciais de 28 de julho passado e reivindicar um triunfo expressivo do seu candidato, Edmundo González Urrutia, a missão das Nações Unidas condena, em comunicado, as "recentes detenções, incluindo as de destacados defensores dos direitos humanos, líderes políticos e seus familiares", que considera constituírem "mais um ataque aos direitos e liberdades do povo venezuelano".

A missão internacional independente de averiguação das Nações Unidas sobre a Venezuela, presidida pela jurista portuguesa Marta Valiñas, adianta que, nos últimos dois dias, registou "16 detenções ou apreensões em vários estados do país, visando líderes políticos, defensores dos direitos humanos e até familiares de figuras da oposição".

Nos dias que antecedem a tomada de posse de Maduro, conhecidos políticos opositores e ativistas venezuelanos foram detidos na Venezuela, entre eles o ex-candidato presidencial Enrique Márquez e o diretor da organização Espaço Público, denunciou o Comité pela Liberdade dos Presos Políticos (CLPP).

O candidato presidencial da oposição, Edmundo González Urrutia, denunciou na terça-feira que o seu genro Rafael Tudares foi sequestrado por homens encapuzados em Caracas, quando levava os filhos à escola.

Sublinhando que "estas detenções antecedem as manifestações lideradas pela oposição, previstas para hoje, e a tomada de posse presidencial, marcada para 10 de janeiro", a missão reitera que "todas estas violações dos direitos humanos e crimes podem implicar responsabilidade criminal individual ao abrigo do direito internacional para aqueles que os praticam, bem como para aqueles que os ordenam ou autorizam".

"Estas detenções incutem um medo generalizado na população e impedem muitas pessoas de se exprimirem livremente ou de realizarem o seu trabalho legítimo em defesa dos direitos humanos", declarou Marta Valiñas, citada no comunicado.

A concluir, a missão volta a fazer um "apelo urgente à revelação imediata do paradeiro dos indivíduos detidos, assegurando que são salvaguardados e protegidos pela lei", sustentando que "todos os indivíduos detidos arbitrariamente devem ser libertados imediata e incondicionalmente".

A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.