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Meta vai usar notas comunitárias semelhantes às da rede social X

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A Meta vai trocar o seu programa de verificação de factos por um sistema de notas comunitárias, semelhante ao que opera na rede social X, antigo Twitter, avançou o dono da empresa, Mark Zuckerberg.

Desde 2016, os conteúdos distribuídos no Facebook, Instagram e WhatsApp são monitorizados por verificadores de factos independentes, "que analisam as histórias e avaliam a sua exatidão através de relatórios originais", como explica a Meta na página dedicada ao efeito.

Este programa conta atualmente com mais de 80 organizações que trabalham em mais de 60 línguas, todas elas certificadas pela International Fact-Checking Network (IFCN), que reúne jornalistas envolvidos na verificação de factos a nível internacional.

Os profissionais envolvidos na revisão do conteúdo das redes sociais da Meta não removem publicações, contas ou páginas, mas avaliam a sua exatidão, classificando-as, se necessário, como "Falsas", "Alteradas", "Parcialmente falsas" ou "Sem contexto".

A principal consequência, caso o conteúdo seja classificado como "Falso" ou "Alterado", é que o autor notará uma redução na distribuição da publicação e perderá a capacidade de a monetizar.

Os conteúdos são também acompanhados de etiquetas de aviso e notificações que fornecem informações contextualizando os utilizadores para que possam decidir que conteúdos querem ler e partilhar.

Esta abordagem já não parece adequada para a Meta, que anunciou na segunda-feira a adoção do modelo já utilizado pela rede social X, baseado em notas da comunidade, ou seja, notas que os utilizadores acrescentam às publicações para fornecer contexto.

As notas da comunidade apareceram pela primeira vez em janeiro de 2021 como um projeto-piloto do Twitter conhecido como Birdwatch para monitorizar conteúdos, com base na comunidade de utilizadores.

A ideia era que as pessoas pudessem identificar informações em tweets que considerassem enganosas e escrever notas que fornecessem informações para avaliar melhor o conteúdo da publicação.

Esta iniciativa foi lançada globalmente no Twitter em dezembro de 2022, sob o nome de notas da comunidade, e mantendo a essência do piloto: manter os utilizadores mais bem informados e adicionar, de forma colaborativa, contexto a 'tweets' potencialmente enganadores.

No entanto, a nota não pode ser acrescentada por qualquer utilizador, mas apenas por aqueles que estão registados no programa e que foram validados pela empresa.

Estes utilizadores tornam-se então colaboradores e podem contribuir com as suas correções, notas ou ligações a outras publicações.

Além disso, só são exibidas publicamente se um número suficiente de colaboradores com pontos de vista diferentes as classificar como úteis.

Após a aquisição do Twitter pelo dono da Tesla, Elon Musk, e a mudança de nome para X, a rede social introduziu várias alterações a este programa de colaboração, em outubro de 2023, começou a exigir a adição de fontes verificadas e, um ano mais tarde, anunciou as chamadas "Lightning Notes", que procuravam garantir que esta informação contextual demorasse menos de 20 minutos a aparecer depois de o conteúdo ter sido carregado na rede social.

A Meta explicou que, quando lançou o programa de verificadores independentes em 2016, considerou que "a melhor e mais razoável [decisão] (...) era delegar essa responsabilidade a organizações independentes de verificação de factos".

No entanto, argumenta que o seu contributo ao longo dos anos não cumpriu o objetivo, que era o de "dar às pessoas mais informações sobre as coisas que veem em linha, em particular os boatos virais, para que possam julgar por si próprias o que veem e leem".

Pelo contrário, afirma que os peritos também "têm os seus próprios preconceitos e perspetivas" e isso "tornou-se evidente nas decisões que alguns tomaram sobre o que verificar e como", conduzindo a um sistema que impôs "rótulos intrusivos e uma distribuição estreita".

A Meta, empresa detida por Mark Zuckerberg, decidiu utilizar as notas da comunidade, depois de constatar que "esta abordagem funciona no X, onde a comunidade decide quando as mensagens são potencialmente enganadoras e precisam de mais contexto".

As notas da comunidade serão lançadas nos próximos meses nos EUA nas redes sociais Facebook, Instagram e Threads.