Político lusodescendente denuncia assédio policial na Venezuela
O político lusodescendente Juan Barreto, líder do partido da oposição Redes, denunciou estar a ser assediado por funcionários dos serviços de informação da Venezuela, que acusou de manterem uma viatura à porta da sua casa.
"De maneira contínua, uma comissão de polícia do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional [SEBIN, serviços de informações], com armas longas e encapuzados, está estacionada mesmo em frente ao portão da minha casa. Tiram fotografias à fachada e às pessoas que me vêm visitar", denunciou Barreto, na terça-feira, na rede social X.
Na mesma rede social, o lusodescendente, que entre 2004 e 2008 foi presidente da área metropolitana de Caracas, questionou se "é a isto que chamam vigilância e guarda estática ou será outra coisa".
"Eu chamo-lhe cerco, assédio e intimidação", sublinha Barreto, neto de madeirenses que emigraram para a Venezuela.
Segundo Barreto, a ação policial "é levada a cabo sem qualquer desculpa, legalidade ou motivo".
"Sou um homem de paz, não sou um conspirador. Sou conhecido por lutar pelos direitos humanos e sociais dos trabalhadores e pela liberdade dos presos, respeitando sempre a Constituição", sublinhou.
Barreto disse que é membro do Centrados, uma organização política legalmente constituída e acrescentou acreditar "que a solução para o conflito é pacífica e política".
"Alerto a população para esta situação irregular e responsabilizo o governo pela minha integridade física, da minha família e da minha casa (...) Quem não deve, não teme. Vou ficar na minha casa. Peço a todos que tomem conta de vós e cuidem de vós próprios. A Venezuela precisa de todos nós", concluiu.
A Venezuela realizou eleições presidenciais em 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória ao atual Presidente e recandidato Nicolás Maduro, com pouco mais de 51% dos votos.
A oposição afirma que Edmundo González Urrutia (atualmente exilado em Espanha) obteve quase 70% dos votos.
A oposição venezuelana e muitos países denunciaram uma fraude eleitoral e têm exigido que o CNE apresente as atas de votação para uma verificação independente.
O próximo Presidente da Venezuela tomará posse a 10 de janeiro de 2025 para um mandato de seis anos.
O CNE da Venezuela ainda não divulgou as atas do sufrágio.
Em 02 de janeiro, as autoridades venezuelanas ofereceram uma recompensa de 100 mil dólares (cerca de 97.400 euros) por informações sobre o paradeiro de Urrutia.
Na semana passada, Maduro avisou que o poder presidencial no país "jamais cairá nas mãos de um fantoche da oligarquia e do imperialismo".
"Esta casa é a casa do povo. Agora e sempre", afirmou, num vídeo divulgado na rede social Instagram.
Na sexta-feira, o Governo venezuelano enviou 1.200 militares para todo o país para "garantir a paz" antes e durante a tomada de posse.