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Onde estavam os heróis em “tempos de servidão”?!

1. À hora em que escrevo estas linhas ainda não sei se Marcelo Rebelo de Sousa, após ouvir os partidos, já anunciou, ou não, se dissolve a Assembleia Legislativa da Madeira. De qualquer forma, penso que essa será a decisão lógica após a aprovação de uma moção de censura, que fez cair o Governo Regional constituído, na sua maioria, por arguidos suspeitos de corrupção. Ainda que possa causar incómodos, a consulta popular é a saída mais democrática e mais consentânea com os interesses de todos os madeirenses e portossantenses: pronunciarem-se, eles próprios, acerca de quem querem no Parlamento, de onde emanará o novo Executivo.

2. Discordo daqueles que dizem que, com as eleições, tudo ficará na mesma. Não é líquido que assim seja nem é aceitável que alguns sabichões, armados em “comentadeiros” e “politólogos”, se substituam aos eleitores na sua decisão livre e soberana. O Povo decidirá o caminho que entender e dirá se quer deixar tudo na mesma ou se, pelo contrário, quer colocar no Parlamento forças que façam a diferença na luta por mais dignidade e direitos para os trabalhadores e reformados, para os jovens e idosos e para os mais pobres e excluídos.

3. O Parlamento, desde junho de 2024, é constituído por forças políticas que desistiram de fazer oposição à governação de Albuquerque, afirmando que, hoje em dia, não interessa ser de Direita ou de Esquerda. Como se fosse possível apagar um passado onde apenas a Esquerda lutou contra o regime de tirania implementado, nesta terra, pelos governos do PSD de Alberto João Jardim, sempre apoiados por Albuquerque e Manuel António. A possibilidade já admitida pela extrema-direita de continuar a apoiar um futuro governo do PSD, o encolher de ombros do JPP, do PS, do PAN e da IL do Camelo, quando se fala de separar as águas entre a direita, conivente com o pior do que teve o jardinismo e albuquerquismo, e a Esquerda, que sempre lutou contra o abuso, a arrogância e a perseguição de opositores políticos, reforça a importância de voltar a colocar na Assembleia o Bloco de Esquerda, que nunca se vergou nem capitulou perante os amos e senhores destas Ilhas, a meio do Atlântico plantadas.

4. O Bloco Faz Falta. Não é apenas um slogan. É um sentimento dos eleitores que o verbalizam onde quer que nos encontrem. Porque perceberam que foi um erro deixar de fora do Parlamento a Esquerda, que com a sua tenacidade e firmeza ‘lhes batia mais forte’. Mas, sobretudo, porque já perceberam que quando era difícil ser oposição nesta terra, o Bloco de Esquerda nunca virou a cara à Luta. Ao contrário dos que agora pululam nas forças políticas emergentes, que estavam no PSD, calados como ratos, ou aconchegavam-se na poltrona a assistir à “chacina política” de que foram alvo tantos democratas de Esquerda na Madeira. Uns heróis de opereta, estes artistas, que agora enchem o espaço mediático mas que nunca mexeram uma palha para acabar com um regime opressor que atentou, de várias formas, contra os que ousaram ter a coragem de travar duras lutas em defesa dos valores de Abril e da Autonomia, Filha da Revolução.

5. Estas Eleições Regionais, que aí vêm, são, provavelmente, a derradeira oportunidade dos eleitores recolocarem no Parlamento aqueles, que como o Bloco de Esquerda, lá estarão para defender o povo trabalhador, os idosos e pensionistas, os jovens trabalhadores precários, os desempregados, os jovens estudantes, os nossos conterrâneos mergulhados na pobreza e tantas outras pessoas que precisam de uma Esquerda forte que não deixe espezinhar o povo.

6. Que ninguém se engane: apostar em arguidos, em falsos ‘sorrisos pepsodent’, em auto-intitulados “puros sangue madeirense” (que horror!), em fascistas saudosistas, em falsos animalistas ou em “cristãos-novos oportunistas”, isso sim, é deixar tudo na mesma e não mudar nada. A única mudança possível e necessária, para a Madeira e para quem trabalha, estuda ou está cada vez mais empobrecido, é fazer voltar a Esquerda ao Parlamento. A escolha é, como sempre, livre e soberana, dos eleitores. O Bloco cá estará, como sempre esteve na cena política regional: firme e com coragem e arrojo para enfrentar os “tubarões do regime”!

Bom Ano 2025!