Padre indignado que se continue a enterrar mortos em "valas comuns"
"Pessoas não são gado" adverte o padre José Luís Rodrigues
‘Pessoas não são gado’ é o título do post publicado na rede social Facebook pelo padre José Luís Rodrigues, para expressar a indignação, em especial, com o tratamento que é dado aos mortos no Cemitério de São Martinho. Em causa o “degradante e deprimente” recurso a “valas comuns para enterrar corpos”, confirmou, entretanto, ao DIÁRIO.
Na publicação feita ao início da tarde e ilustrada com fotos de escavação captadas esta terça-feira de manhã no Cemitério de São Martinho, no que aos cemitérios diz respeito, o sacerdote não poupa nas críticas: “Será necessário nos tempos que correm termos que ver este quadro negro, onde está uma vala comum, um monte de terra negra como é negra a morte? Estamos em guerra? Em epidemia? Há centenas de mortos e nós não nos demos conta?”, começa por questionar. Esclarece que as imagens “são frescas de hoje, onde se ostenta a determinação para enterrar gado e não corpos de pessoas”, atira.
O pároco de São José aproveita as “imagens deprimentes” onde cabem meia dúzia de corpos, para desafiar as “senhoras autoridades que tutelam esta desgraça, é tempo de colocar mãos a sério nesta situação e criar as melhores condições possíveis”, reclama. E reforça o apelo lembrando que “quem governa deve actuar para os outros como se estivesse a fazer para si e para os seus. Mas entre nós a única conjugação verbal que interessa é governar-se, os outros, são gado ou mercadoria”, conclui.
Ao DIÁRIO, José Luís Rodrigues assegurou que não é de agora que é utilizada máquina retroescavadora para abrir valas onde são enterrados os mortos no Cemitério de Nossa Senhora das Angústias, em São Martinho.
“Tem anos que fazem aquilo assim. Já vem do tempo da vereação de Paulo Cafôfo e de Miguel Silva Gouveia. Sejam poucos ou muitos os corpos a enterrar, é sempre assim”, afirma.
Daí a contundente publicação feita hoje para voltar a alertar quem de direito para a desumana prática colectiva de enterrar defuntos. “Deviam ser abertos buracos (covas) um a um e não assim, em valas comuns”, defende.
O DIÁRIO também contactou a Câmara Municipal do Funchal, solicitando esclarecimentos sobre a abertura de valas comuns em cemitérios e também reacção ao teor das criticas públicas apontadas pelo pároco, que é também munícipe funchalense. Aguardamos pela resposta da Autarquia.