Governante britânica investigada por ligações a ex-primeira-ministra do Bangladesh
Uma secretária de Estado das Finanças britânica pediu hoje ao supervisor de ética do governo para investigar alegadas irregularidades relacionadas com propriedades ligadas à sua tia, Sheikh Hasina, a primeira-ministra destituída do Bangladesh.
Numa carta tornada hoje pública, Tulip Siddiq pede a Laurie Magnus, que fiscaliza o cumprimento das regras pelos ministros do governo, para apurar "de forma independente os factos relativos" a notícias publicadas nas últimas semanas.
"É evidente que não fiz nada de errado", garante.
Ainda assim, retirou-se de uma delegação do governo britânico que vai visitar a China no final desta semana.
O primeiro-ministro, Keir Starmer, afirmou que Siddiq "agiu de forma totalmente correta" ao agir desta maneira e reiterou a confiança na secretária de Estado.
Deputada há 10 anos, Tulip Siddiq, de 42 anos, e responsável pela luta contra a corrupção nos mercados financeiros no governo trabalhista eleito em julho, foi citada no mês passado numa investigação anticorrupção no Bangladesh contra Hasina.
A investigação alega que a família de Siddiq está envolvida na intermediação de um acordo com a Rússia, em 2013, para a construção de uma central nuclear no Bangladesh, no qual teriam sido desviadas grandes somas de dinheiro.
Uma fotografia tirada no mesmo ano, dois antes de entrar para o parlamento, mostra Siddiq juntamente com a família em Moscovo e o presidente russo, Vladimir Putin, numa cerimónia para assinar o contrato.
Nos últimos dias, os jornais Sunday Times e Financial Times levantaram também dúvidas sobre a legitimidade de Siddiq ter vivido em dois apartamentos londrinos que oferecidos por apoiantes do partido Liga Awami do Bangladesh, liderado por Hasina.
Hasina foi a primeira-ministra que mais tempo esteve em funções no Bangladesh, governando o país durante 15 anos, até agosto de 2024, quando foi destituída durante revolta popular em que centenas de manifestantes foram mortos e milhares ficaram feridos.
Fugiu para a Índia, mas ainda enfrenta vários processos judiciais por causa das mortes, incluindo acusações de crimes contra a humanidade.