Atitude! um novo modelo de democracia

A fragilidade e a degradação a que a democracia do nosso país chegou, deve-se a dois fatores: a inercia dos cidadãos e à classe política que ao longo de 50 anos foi destruindo e descredibilizando um sistema que a liberdade implementou, mas não conseguiu criar cidadãos para aceitarem a democracia como modelo de vida para o povo. Precisamos de uma nova forma de fazer política e uma nova maneira de estar em democracia. A democracia representativa e participativa que devolva o poder básico de decisão ao povo. O atual modelo de democracia em Portugal condiciona a participação dos cidadãos descomprometidos de partidos, dogmas ou filosofias políticas limitando o espaço à participação dos cidadãos livres, genuínos e independentes, condicionando a sua vontade de se colocar ao serviço da cidadania, priorizando os partidos com seus vínculos interesses e monopólios de interesses que muitas vezes nem são os verdadeiros interesses do cidadão comum, ao ponto de tornar de certa forma um incomodo o facto de os madeirenses termos de voltar a votar pela terceira vez num espaço de 18 meses, onde até os partidos do sistema considerarem o ato cívico de cansativo e desnecessário. Mas afinal em que é que consta a verdadeira e autêntica democracia se não o poder de decisão do povo para com os governantes? Se estão a faze-lo de forma deficitária e incorreta quem melhor do que o povo para alterar as regras à democracia. Se acham que ouvir o povo é um incomodo, se consultar a decisão do mesmo é uma massada, digam de sua justiça os partidos que defendem interesses instalados que discordam da democracia e preferem um regime totalitário, não venham para a praça pública a gritar aos quatro ventos serem os arautos da democracia e os precursores da liberdade, pois não foi esse o modelo de democracia que o povo sonhou com o 25 de Abril, a democracia da hipocrisia, da demagogia e sobre tudo a da promoção da miséria alimentando a corrupção. Quando a realidade se apresentar e o povo perceber que lhes querem coartar a liberdade, esperemos que já não seja demasiado tarde. Porque o maior crime que um cidadão possa vir a cometer contra a sociedade e a justa democracia é o de, bajular e idolatrar os seus líderes políticos. Quando um cidadão deixa de ser um nobre contribuidor com o justo reconhecimento dos seus feitos, converte-se sobranceiramente no escravo da sociedade. Onde anda a cidadania democrática? Numa sociedade civil estática que tem medo do poder político, o ópio do povo passará a chamar-se de executivo. Precisamos de mudar! Mudar a forma de pensar a política, a de fazer política e aceitar a política como parte integrante da nossa vida cotidiana, mudar o jeito de como escolhemos os políticos que realmente nos representem desde os governos, o estado e os municípios. Precisamos de mudar para não fugir dos problemas e do que deveriam ser as nossas responsabilidades com as frases de efeitos. Mudar; sim mudar e radicalmente mudar as nossas atitudes. A democracia exige-nos e a liberdade impõe-nos.

A. J. Ferreira