Os equívocos de uma mensagem

Há quem já se tenha esquecido dos “elogios em público e das críticas em privado”, que serviram para escamotear quase tudo o que os 8 anos de governação socialista de António Costa (GSAC) em estreita “solidariedade institucional” deixaram por resolver na Saúde, Educação, Justiça, PRR, Habitação, infraestruturas públicas, desenvolvimento do País e no consequente combate pela “erradicação da pobreza”.

O Presidente da República (PR) na sua mensagem de ano novo faz coro com a oposição ao pretender que o actual governo tivesse resolvido em 8 meses tudo aquilo que a GSAC não foi capaz de resolver em 8 anos, isto apesar dos sucessivos boicotes da extrema direita à extrema esquerda que só por temerem ir a eleições não derrubaram o governo.

O PR quiçá desiludido pela falta do anterior mediatismo político e pelo constante decréscimo de popularidade aproveitou a mensagem de ano novo para exigir ao Primeiro Ministro (PM) “bom senso”, reforço da “solidariedade institucional” e “até a cooperação estratégica” entre o PR e o PM, para garantir a “estabilidade” que ele considera necessária para uma boa governação.

É aqui que começam os equívocos do PR se pensarmos que durante os 8 anos de GSAC essa “solidariedade institucional” que para o PR foi exemplar e profícua serviu sobretudo para garantir uma “estabilidade” que serviu interesses políticos mútuos e pouco mais do que isso, porque quanto ao resto desde a Saúde à “erradicação da pobreza” ficou quase tudo por resolver.

Outro equívoco da mensagem do PR foi afirmar que “mais aliança entre EUA e UE, na economia, na política, na Ucrânia e no Médio Oriente, é melhor para a Europa e é pior para Federação Russa e para a China”, como se os interesses estratégicos dos EUA, com ou sem Trump, continuassem alinhados com os da Europa como no passado recente e ainda menos com os da UE que cada vez conta menos para os EUA, quer como parceira da NATO quer como parceira comercial a não ser para lhes comprar o GNL que deixou de comprar à Rússia.

UE/Europa ou se assumem como uma potência mundial através da criação dos Estados Unidos da Europa potenciando todas as suas sinergias ou continuarão definhando e joguetes dos interesses estratégicos das atuais potências e de outras que eventualmente venham a emergir.

Com todos estes equívocos a mensagem de ano novo do PR soa a desilusão de quem se desiludiu a si próprio e aos portugueses.

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