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O ano da (a)normalidade e da instabilidade

O ano novo que agora se inicia começa infelizmente da mesma forma que o ano que terminou, com uma nova crise política na Madeira.

Se os madeirenses e os porto-santenses fossem chamados a escolher duas palavras para descrever o ano que findou, não tenho muitas dúvidas que escolheriam as palavras “anormalidade” e instabilidade” porque efetivamente o que assistimos nos últimos doze meses, foi a comportamentos e a fenómenos de anormalidade e de instabilidade a todos os níveis.

Tudo começou com a chegada do avião da força aérea e as detenções do então Presidente da Câmara Municipal do Funchal e de conhecidos empresários da nossa praça e com as suspeitas em torno do Presidente do Governo Regional.

Seguiu-se um período de indecisão sobre quem teria melhores condições para continuar a liderar o partido mais votado e o PSD-M, como tive a oportunidade de referir na altura, quanto a mim decidiu mal, ao manter o mesmo candidato e ao não aprovar em fevereiro a proposta de Orçamento para 2024.

A não aprovação do Orçamento e a manutenção do mesmo candidato a Presidente do Governo foi um fator crucial que contribuiu para o aumento da instabilidade política na Madeira ao longo do ano.

Seguiram-se as eleições internas do partido e comportamentos inaceitáveis para tentar condicionar a opinião e a liberdade dos militantes, quando era evidente que manter a todo o custo a mesma solução, não traria nada de novo e sobretudo não resolveria o problema da anormalidade e da instabilidade da Região.

Apesar de todos os avisos, o PSD – M, decidiu ir a eleições com o mesmo candidato e como era expectável não conseguiu obter uma maioria absoluta, sendo forçado a procurar apoio do CDS, do PAN e do Chega.

Internamente em vez de tentar unificar o partido, seguiu-se um rumo oposto muito pouco democrático, com ameaças, intimidações e exonerações a defensores de um outro caminho e de uma outra solução.

Do lado de alguns partidos da oposição, em 2024, a situação também não foi a melhor, assistimos a vários “flicks flacks” de partidos que lamentavelmente fizeram tudo ao contrário do que prometeram aos eleitores na campanha eleitoral.

Estes comportamentos que os madeirenses e porto-santenses assistiram nos últimos doze meses, em nada contribuíram para a credibilidade dos políticos e das instituições, nem para a necessária confiança do eleitorado na democracia.

O que se exige quer ao governo, quer à oposição é que trabalhem em prol do bem comum e do bem-estar da Madeira e não parece ter sido isso que aconteceu em 2024.

Em vez disso, a situação política da Madeira deteriorou-se consideravelmente no ano de 2024, com o surgimento de novos processos judiciais e de novas suspeitas sobre a maioria dos membros do Governo Regional.

Pela primeira vez na história da democracia da Madeira, em 2024, um Governo com várias suspeitas de corrupção foi derrubado por uma moção de censura.

Entretanto, iniciamos o novo ano, com a mesma anormalidade e instabilidade de 2024, o líder do PSD-M continua a recusar demitir-se e o Governo Regional continua sem ter orçamento e sem ter a confiança da maioria, mas a oposição também não consegue fazer o seu caminho.

Tudo indica que em 2025 voltaremos a ter novas eleições regionais.

Em 2025, os madeirenses e os porto-santenses merecem melhor.

Merecem que os próximos governantes tenham outras prioridades, que coloquem verdadeiramente em primeiro lugar o interesse da população e que utilizem o dinheiro de todos os contribuintes com rigor e para a melhoria da saúde, da qualidade de vida, da habitação e do poder de compra de todos.

Merecem que não se continue a insistir na mesma estratégia, nas mesmas caras e nas mesmas políticas que levaram a este cenário de anormalidade e de instabilidade.

Numa altura em que um ano termina e outro se inicia, enchemo-nos de esperança e acreditamos num futuro melhor. A próxima semana será decisiva para o futuro da Madeira. Que em 2025 termine esta anormalidade e instabilidade e que seja um excelente ano para todos.