Caos nas Urgências no Hospital Dr. Nélio de Mendonça
No passado dia 30 de dezembro dirigi-me com o meu pai, de 92 anos de idade, às urgências do Hospital Dr. Nélio Mendonça. Fui não porque queríamos passear e ver as vistas, mas porque era uma situação grave na minha modesta opinião e enquanto conhecedora do comportamento normal do meu pai.
Ao chegar fui à triagem e foi emitida a pulseira amarela. Fomos encaminhados para a sala de tratamento sem haver qualquer análise mais detalhada ao meu pai.
Através das queixas foram pedidas análises de sangue e de urina. Após os resultados das mesmas, que apresentavam alguns valores fora do normal, foi dito apenas que o meu pai deveria beber mais água!
De regresso a casa, os sintomas foram piorando tornando a noite muito agitada sem haver muito descanso. No dia seguinte regressámos ao hospital e novamente triado, mas com pulseira verde. Neste dia, dia 31 de dezembro, as urgências estavam um caos.
Vendo que nunca mais seria atendido fui para as urgências de Machico onde fomos prontamente atendidos e emitido pulseira laranja. A médica, muito competente e preocupada, analisou o caso, pedindo análises.
Verificando que o mesmo tinha sido internado no mês anterior confrontou as análises feitas nessa altura com as do dia anterior, apercebendo-se que havia diferenças em alguns valores e examinou cuidadosamente o meu pai recomendando o regresso ao hospital para ser feito um exame mais detalhado (TAC/raio x).
Perguntei como faria ao chegar ao hospital, tendo sido dito que deveria comunicar que o meu pai já vinha referenciado do Centro de Saúde de Machico. Assim o fiz, mas para meu espanto o meu pai foi novamente triado e com pulseira amarela. Perguntei à Sra. Enfermeira como poderia ir contra a recomendação de uma médica que tinha emitido pulseira laranja e recomendado exames, visto que já tinha sido examinado. A resposta foi que o sistema assim o manda.
Esperámos por uma avaliação médica. Tendo sido chamado quase 60 minutos depois para um gabinete médico ao qual foi me negada a entrada. Após a observação da médica fui chamada para levar o meu pai para a sala de tratamentos e aguardar, sem qualquer tipo de feedback por parte da mesma. Após imenso tempo à espera, qual não foi o meu espanto ao ver que ele iria ter de fazer novamente análise de urina e de sangue, indo contra o que já tinha sido recomendado pela médica que o observou em Machico. Sendo já 17h30 e não tendo nenhum avanço no que me levou às urgências decidi ir embora, mas não sem antes escrever no Livro de Reclamações. Escrevo esta carta do leitor para mostrar e dar conhecimento da minha indignação pela falta de competência, responsabilidade e ética profissional por parte das médicas do Hospital Dr. Nélio Mendonça. Também questiono o porquê de um doente triado no Centro de Saúde ter de passar novamente pelo processo quando até já tem no processo clínico as recomendações de uma médica que o observou e que convém salientar, foi a única que o examinou ao pormenor em dois dias. Questiono ainda os Srs. Enfermeiros que ao fazer a triagem, emitem três cores diferentes no mesmo dia ao mesmo paciente, sem este ter tomado qualquer tipo de medicação. É caso para questionar se será do sistema ou de quem o põe em prática!
Ainda tenho a acrescentar a falta de empatia e educação de alguns médicos, sei perfeitamente que devem manter a distância, mas ao menos que mostrem mais cuidado e mais tacto ao falar com um doente e os seus familiares. Foi uma situação vergonhosa e espero sinceramente que haja alguma atenção para com este assunto: FALTA DE ÉTICA PROFISSIONAL, FALTA DE RESPONSABILIDADE E FALTA DE EMPATIA.
Não sei como estes médicos conseguem chegar ao final do seu dia de trabalho e descansar tranquilamente sabendo que a sua performance profissional foi deplorável e que pelos vistos é mais importante estar sentado nos gabinetes trocando presentes de Natal e conversando ao invés de atender os pacientes que se aglomeram na sala de espera.
Neste momento apraz-me dizer que iremos à médica de família, sendo esta uma profissional excelente contrariando as suas colegas de profissão, só espero que não seja tarde demais!
Teresa Franquinho