DNOTICIAS.PT
PUB
PUB
Incêndios Madeira

"Não compreendo porquê que os Canadair na Madeira não abasteceram no mar"

None
Foto: Rui Gaudêncio/Público

O presidente da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), Tiago Oliveira, afirmou que os aviões Canadair que foram mobilizados para combater os incêndios de Agosto de 2024 na Madeira poderiam ter utilizado água salgada para extinguir os fogos.

Os Canadair que vieram operar, na minha perspectiva, deviam e podiam, se houvesse condições marítimas, fazer a amaragem no mar, carregar e largar a água salgada. Não compreendo porquê que isso não foi feito e foi efectuado o apoio só tendo uma descarga a cada hora. Tiago Oliveira, presidente da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF)

Comparando a situação com as práticas adoptadas noutros países, o engenheiro florestal destacou que em Espanha e nos Estados Unidos a água salgada é utilizada para combater incêndios em determinadas circunstâncias. "Portanto, acho que isto é uma matéria técnica, que não envolve nenhuma questão política. No entanto, parece-me que o poder político tenha todo o benefício em que os seus técnicos tenham acesso aos maiores conhecimentos para poderem usar os recursos que são disponibilizados da melhor forma", sublinhou.

Na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias que, se realiza esta manhã na Assembleia da República, com propósito de apurar as responsabilidades na gestão política e dos meios de Protecção Civil nos incêndios ocorridos em Agosto de 2024, o presidente da AGIF também teceu comentários sobre a discussão da existência de mais um meio aéreo na Região, defendendo que o "que faz mais sentido" é ter uma estação de abastecimento móvel, "para quando o meio aéreo vá para uma zona distante não necessite de estar a perder tempo a vir ao Funchal para reabastecer". 

"Essencialmente é a capacidade para que o meio aéreo consiga operar em toda a ilha com mais eficiência e com autonomia energética", acrescentou, reforçando que a aquisição de mais um helicóptero vais custar "1,5 a 2 milhões de euros", valor que, no seu entender, seria mais bem aplicado para recrutar cerca de 60 homens para fazerem a prevenção. "Trabalhar apeados, durante 365 dias por ano, para fazer fogo controlado na vegetação, fazer ancoragens e faixas à volta das casas", explicou.

No início da sua intervenção, o presidente da AGIF também afirmou que a Madeira deveria integrar o Plano Nacional de Gestão de Fogos, destacando os "desafios extraordinários" que a Região enfrenta no que diz respeito à prevenção e combate a incêndios. "Fazia todo o sentido", referiu, considerando em especial a importância que a floresta madeirense tem para o turismo, o ciclo da água e o combate à erosão.

"A possibilidade da Madeira participar neste plano, considerando os protocolos existentes a nível europeu, era uma oportunidade de ter acesso a outro conhecimento, especialmente porque é uma Região que nunca vai ter os recursos suficientes", acrescentou.

O presidente da AGIF salientou que uma estratégia bem definida poderia facilitar a prevenção e resposta aos incêndios na Região. "Se houvesse uma estratégia, um plano, seria muito mais fácil", concluiu.

A Madeira deve olhar para os incêndios como uma ameaça essencial e perceber que não é com mais recursos de combate que vai resolver o problema, mas sim com mais treinamento, capacitação, entrosamento e organização, bem como uma melhor antecipação das condições meteorológicas extremas Tiago Oliveira, presidente da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF)

Podcasts

×