Associação Zero alerta para aumento do ruído no Aeródromo Municipal de Cascais
Governo anunciou transferência de voos executivos do Aeroporto Humberto delgado para essa infraestrutura, em Tires, que teve aumento de 17% de movimentos em 2024
A associação ambientalista Zero tem recebido "um número crescente de queixas" relativas ao ruído provocado pelas operações no Aeródromo Municipal de Cascais e lembra que a expansão da infraestrutura obriga a uma avaliação de impacto ambiental.
Em comunicado, a Zero refere as mais recentes medições, realizadas em dezembro passado, que "apontam para picos de ruído em habitações próximas" do aeródromo, em "valores considerados extremamente elevados e com forte perturbação para a saúde pública das populações envolventes".
O aeródromo - situado em Tires, na freguesia de São Domingos de Rana, com quase 60 mil habitantes -- opera normalmente entre as 07:00 e as 24:00, registando já "um elevado número de movimentos de aeronaves", sobretudo de aviões a jato.
Citando a Empresa Municipal Cascais Dinâmica, a Zero destaca "uma média anual de quatro voos rasantes por hora sobre áreas densamente povoadas e muito mais do que isso em determinadas horas do dia".
Em 2023, ter-se-ão registado, de acordo com a mesma fonte, "aproximadamente 47.000 movimentos (aterragens e descolagens) de aeronaves", sendo "particularmente preocupante (...) o aumento em 17% de voos táxi aéreo" em relação 2022.
"Muitos destes voos são em aeronaves a jato, mais ruidosas", observa a Zero, criticando a substituição das escolas de pilotagem do aeródromo pelo transporte executivo.
A Zero está preocupada com o anúncio do Governo de proceder à transferência da aviação executiva do Aeroporto Humberto Delgado para o Aeródromo Municipal de Cascais.
Ao mesmo tempo, os movimentos de jatos privados entre o Aeroporto Humberto Delgado e o aeródromo de Cascais são já considerados "a segunda rota mais intensiva em emissões de dióxido de carbono na Europa", alerta.
Entretanto, a Câmara Municipal de Cascais anunciou que vai abrir um concurso público de concessão e exploração do Aeródromo Municipal de Cascais, que inclui o aumento da pista (que tem atualmente 1.400 metros de extensão).
A esse propósito, a Zero lembra que, de acordo com a legislação em vigor, o prolongamento da pista de um aeródromo além dos 1.500 metros de comprimento obriga a um processo individualizado que passa pela avaliação de impacto ambiental e pela aplicação de medidas como o isolamento acústico das habitações.
Para a associação, "é também fundamental repensar a continuação em funcionamento do aeródromo em Tires a partir do momento em que for inaugurado o novo aeroporto de Lisboa e encerrado o Aeroporto Humberto Delgado".