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Grão a grão

Durante toda esta semana tive oportunidade de circular pelo Funchal.

Vi como a cidade é diferente com e sem cruzeiros. Vi a cidade caótica e sobrecarregada, e vi a cidade mais calma. Vi a cidade dos “turistas”, e vi a cidade dos residentes.

Gostava verdadeiramente de saber qual a mais valia dos cruzeiros. Em minha opinião, seja qual for (e suspeito que será verdadeiramente pouca…) não vale a pena… Ou, pelo menos, não vale a pena nestes moldes, ou nos moldes mais normais.

Um cruzeiro em que os visitantes saem do navio de bicicleta, que não deixam na Madeira qualquer mais valia, que não cumprem as normas locais de trânsito, que se julgam acima de todas as leis, que pedalam animadamente através de sinais vermelhos, ruas pedonais, sem luzes e reflectores, que entram em ruas de sentido único ao contrário, transformam uma cidade com dificuldades de circulação num caos.

E ao longo de todo este mês de janeiro tem sido basicamente todos os dias…

Simultaneamente, da parte das administrações locais, quer da Câmara do Funchal, quer do Governo Regional, parece haver um esforço no sentido de dificultar os fluxos no centro da cidade… o estacionamento do cais 8 continua fechado… serve para montar uma feira de diversões… mas não para disponibilizar uns estacionamentos preciosos para autocarros de turismo… porque obviamente faz mais sentido, quer em termos económicos, quer ambientais, quer de fluxos da cidade, mantê-los a circular… mesmo que o façam vazios por falta de alternativas.

Junto ao tribunal, é mais importante criar espaço para meia dúzia de motociclos, à custa de uma doca de autocarro… resultado, a faixa da direita acaba por passar metade do dia atravancada, porque não há alternativas.

O turismo da Madeira precisa de decisões, mas de decisões corajosas e eficazes que permitam resolver os seus problemas e atrofiamentos… o excesso de rent a car não nos traz benefícios, a sobrecarga das veredas e levadas da ilha não nos traz benefícios, e a ânsia das taxinhas só complica a operação no dia a dia.

Por favor… decidam, e decidam bem. Mas isso só vai acontecer quando o fizerem com os operacionais do turismo… e não contra eles. Note-se, eu disse operacionais… não teóricos.