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Madeira

Debate sobre o futuro de Câmara de Lobos encerra com divergências sobre a baía e valorização agrícola

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Foto Rui A. Silva/ Aspress

O encerramento da conferência "Pensar o Futuro", realizada no salão nobre da Câmara Municipal de Câmara de Lobos, trouxe à tona reflexões e divergências sobre temas estratégicos para o concelho e para a Região. A baía de Câmara de Lobos foi um dos principais pontos de debate, com opiniões divergentes sobre sua relevância regional.

O presidente do município, Leonel Silva, questionou se a baía pode ser considerada estratégica para a Madeira, a exemplo do Porto do Funchal ou do Caniçal. "Não sei se é estratégico para a Região, mas é estratégico para Câmara de Lobos”, sublinhou, dizendo que não querer "desvirtuar a baía com iates ou uma marina", afirmou, reconhecendo, porém, a dificuldade de conciliar as características tradicionais do local.

Em contrapartida, o economista André Barreto discordou, defendendo que a baía tem, sim, importância estratégica para a Região. Barreto também destacou a necessidade de maior valorização da agricultura local, questionando os baixos preços praticados em produtos regionais, como bananas e vinho. "Como é possível vender vinho a 2 euros? Quanto custa a garrafa ou o transporte?", questionou, apelando a um reposicionamento dos produtos madeirenses no mercado.

Da plateia, Carlos Barradas, ligado à Universidade Aberta, sugeriu a criação de um Museu da Vinha e questionou a ausência de um plano de preservação para a Floresta Laurissilva, enfatizando a necessidade de atenção às serras do sul da ilha. Também mencionou a escassez de água na ribeira do Luzeirão, no Jardim da Serra, como uma preocupação crescente.

O arquitecto Pedro Gonçalves, por sua vez, defendeu a busca por equilíbrio nos diversos sectores de actividade, enquanto André Barreto reforçou que o turista moderno valoriza experiências mais práticas e menos contemplativas. "O viajante gosta de fazer, mais do que ver. Experienciar, mas sem transformar tudo em uma espécie de parque temático como a Disney", disse.

Concordando com Barreto, Leonel Silva mencionou planos para a criação de um Centro Interpretativo da Pesca, que visa preservar a identidade local e oferecer experiências autênticas aos visitantes. O autarca também criticou a desconexão entre a festa da vindima e os viticultores, argumentando que o evento deveria ter mais relevância para os produtores de vinho.

O debate final sublinhou a necessidade de um planeamento integrado que contemple o desenvolvimento sustentável, a valorização das tradições e a adaptação às novas expectativas dos turistas, mantendo a identidade única de Câmara de Lobos.