Câmara de Lobos não ganhou nada a defender a área protegida do Cabo Girão
Na segunda ronda pelos convidados presentes na conferência "Pensar o Futuro", promovida pelo DIÁRIO em parceria com o município de Câmara de Lobos, os convidados debateram temas cruciais para o desenvolvimento do concelho, como taxas turísticas, ordenamento do território e mobilidade. O evento decorre no salão nobre da Câmara Municipal.
O economista André Barreto destacou sua oposição à implementação de uma taxa turística regional, sugerida pelo presidente da Câmara, Leonel Silva. Barreto defendeu, em vez disso, a lógica do utilizador-pagador para os acessos a pontos turísticos. Como exemplo, citou o miradouro do Cabo Girão, sublinhando que o espaço, embora muito visitado, não gera receita direta para o município. Leonel Silva corroborou a afirmação, dizendo que a Câmara "não recebe nada" pela manutenção da área. Citando uma expressão do treinador Jorge Jesus, resumiu a situação: “bola”.
O arquitecto Pedro Gonçalves alertou para potenciais problemas no ordenamento do território em Câmara de Lobos dentro de 20 anos, apontando deficiências na mobilidade e nos acessos. Já Leonel Silva minimizou as críticas relacionadas ao trânsito, classificando-as como "um falso problema" causado por percepções exageradas. "Aumentámos os passeios para melhorar a mobilidade, mas algumas pessoas acham que 20 ou 30 carros já são um caos. Não acredito que seja", afirmou o autarca.
Leonel Silva também ressaltou os avanços do concelho no sector do turismo, destacando o aumento da oferta de camas hoteleiras, que passou de zero para 900. Apesar disso, o presidente acredita que há espaço para crescimento. Destacou a transformação da imagem do município, que antes era conhecido apenas como "a cidade da poncha".
O edil defendeu ainda políticas de coesão territorial, sugerindo a compensação aos agricultores que preservam a paisagem agricultável, fundamental para a identidade local e para a atracção de turistas. Sobre a receita gerada pelo miradouro do Cabo Girão, Leonel Silva reiterou que a Câmara não beneficia directamente, aliás disse que “não ganhou nada em defender área protegida”, e afirmou que o município não quer depender de terceiros. "Câmara de Lobos não quer andar de mão estendida e a pedir nada a ninguém", concluiu.
O debate reforçou a necessidade de planeamento estratégico, que concilie desenvolvimento sustentável, valorização do turismo e preservação das características únicas de Câmara de Lobos.