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Madeira

André Barreto critica urbanização excessiva e defende mudanças no financiamento das Câmaras Municipais

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Foto Rui A. Silva/ Aspress

Durante a conferência "Pensar o Futuro", organizada pelo DIÁRIO, o economista André Barreto destacou os impactos negativos da urbanização excessiva na Madeira, alertando para os riscos que esta tendência pode representar para o turismo, considerado o motor de desenvolvimento da Região. Segundo Barreto, "não são os hotéis que trazem gente à Madeira", mas sim a autenticidade do destino, que pode ser comprometida com a crescente expansão urbana.

O economista sugeriu uma reformulação no modelo de financiamento das Câmaras Municipais, defendendo que o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) não deveria constituir uma das principais fontes de receita autárquica. "O IMI funciona como um convite à urbanização, e isso colide com o turismo. Quanto mais os municípios permitirem construções, maior é o risco de prejudicar o sector turístico", afirmou.

Barreto criticou ainda algumas das empreitadas realizadas na Região, considerando-as "uma série de disparates" e mencionando intervenções que, em sua visão, descaracterizam o ambiente local.

Sobre Câmara de Lobos, o economista vê o concelho como um destino de passagem devido à proximidade com o Funchal, considerando essa característica uma vantagem natural. No entanto, Barreto reiterou críticas feitas em 2018 sobre as intervenções realizadas na baixa da cidade. "Não concordo com o que foi feito. Sou conservador e confesso que tenho um lado saudosista", disse.

Barreto foi particularmente incisivo ao rejeitar visões que comparam a Madeira a projectos megalómanos, como os rótulos de "Singapura do Atlântico" ou “Dubai" da Estrada Monumental. "Essas comparações são provincianas e desnecessárias. A Madeira deve valorizar o que a torna única, sem tentar copiar modelos que não fazem sentido para a nossa realidade", concluiu.

As declarações de André Barreto reforçam o apelo por um equilíbrio entre desenvolvimento urbano e preservação do ambiente e da identidade regional, defendendo uma abordagem mais criteriosa e sustentável no planeamento do território.