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Ano Novo, velhas responsabilidades

Lá se foi o bissexto ano 2024 e com ele a culpa pela sua atribulação. Infelizmente no panorama político, o ano 2025 não começou muito melhor.

O ano fechou após o pára-arranca da votação da moção de censura e do chumbo do orçamento que acabou da forma como todos sabemos com nefastas consequências para todos nós e com a oposição a tentar agora passar uma imagem que, com orçamento ou sem ele, a vida continua tal e qual, bem demonstrativa do seu desinteresse pela causa pública, que ditou a queda do governo legitimamente eleito por maioria.

Como se tudo não bastasse eis que assistimos agora ao lavar contínuo e desgastante de roupa suja dentro dos próprios partidos num previsível cenário de eleições antecipadas, mais umas, com prazos naturalmente mais curtos, a fazer renascer novamente inoportunas e extemporâneas lutas de liderança internas em vários quadrantes políticos.

E o problema não é a disputa em si mas a forma e o modo como se pretende fazer. Uma vez mais o que interessa é trepar, projetos políticos são mais que secundários e quais regras estatutárias quais quê, tudo se pede ao arrepio daquilo que se encontra legalmente estabelecido, até votar sem quotas pagas, certamente com discursos de vitimização prontos a sair da gaveta caso lhes seja negado, tudo em nome da democracia.

Haja coerência e bom senso, tudo a seu tempo, alguns ainda não perceberam que uma casa dividida é uma casa fragilizada, todos perdem. E não pode valer tudo. Onde andam todos aqueles princípios que ouvimos desde a nossa infância vindos dos nossos pais e educadores, que para sermos livres é preciso sermos responsáveis e que essa responsabilidade implica a observância de certas regras básicas de ética, respeito, integridade, justiça e lealdade, tão mais exigíveis quanto maior for o papel que cada indivíduo desempenha na sociedade.

Premissas tão simples quanto fundamentais para levarmos connosco vida fora, nomeadamente na vida política.

É bom que se reflita sobre o que se tem dito e escrito na comunicação social e sobretudo nas redes sociais e qual a imagem que se está a passar sobre a responsabilidade política dos seus agentes.

Por acaso já se parou para pensar o que julga a população de tudo isto, sim, todos aqueles que foram dar o seu voto de confiança nas urnas, que elegeram legitimamente o Governo para a Região. Todos os que votaram, quer no partido vencedor quer nos restantes, era este o comportamento que esperavam, era este o desfecho que mereciam?

Certamente que ao votar, depositaram toda a sua confiança na suposta responsabilidade política dos respetivos representantes de cada partido, nas promessas de cada um deles para zelar pelos interesses da Região e dos madeirenses e porto-santenses.

Que resposta esta mesma população nos vai dar? E será que nos vai dar resposta?

De repente lembrei-me daquelas clássicas brigas entre dois irmãos, que incapazes de resolver a coisa saltavam com um rol de queixas à mãe e o resultado era sempre um castigo para ambos, bem pior que a briga.