A confusão circunstancial e o ‘Pormaior’
Nos últimos dias tenho vindo a ser confrontado, já que muitos conhecem a minha filiação partidária, sobre o que penso quanto ao desafio de Manuel António Correia a Miguel Albuquerque.
Em especial e no fim de semana, após Carlos Pereira, do PS-M, ter desafiado Cafôfo a avançar com umas eleições primárias naquele partido e de o atual líder do mesmo partido ter aceite o repto.
Confundindo alhos com bugalhos, Cafôfo deixou no ar a ideia de que seria bom que o PSD-M convivesse tão bem com a democracia como o PS-M, pelo que esperava que, depois deste seu ‘exemplo’, também Miguel Albuquerque aceitasse o desafio do seu adversário interno.
Exultaram alguns militantes do PSD-M, confundindo, como Cafofo, alhos com bugalhos, leia-se, circunstâncias factuais e concretas.
Senão vejamos. Cafôfo foi derrotado por Albuquerque, nas eleições regionais que ocorreram em 2024, por quase 15% dos votos. E para que não haja equívocos, Albuquerque venceu, nessas eleições, nos 11 concelhos da Região Autónoma e em 52 das 54 freguesias da mesma.
Cafôfo, noutro plano, enquanto líder do PS-M, foi também derrotado pelo PSD-M, liderado por Albuquerque (em coligação com o CDS/PP), para as eleições nacionais de 2024, por quase 16% dos votos.
E como se estes dados não bastassem para demonstrar as diferentes circunstâncias em que estão os citados políticos e as inerentes ilações a retirar das mesmas, já que um só venceu eleições e o outro só as perdeu, no plano interno dos respetivos partidos também há diferenças.
Cafôfo foi eleito líder do PS-M em dezembro de 2023, tendo sofrido, como acima se explicita, duas derrotas consecutivas nessa qualidade e, numa delas, as regionais, perdendo, como se viu, em todos os concelhos da região e quase perdendo a liderança da oposição para um partido de protesto, o JPP.
Albuquerque, pelo contrário, após ser reeleito líder do PSD-M, em março de 2024 e já nas condições atuais, só venceu eleições e a última, em Maio de 2024, com os números já expressos supra.
Ou seja. Mais confusão circunstancial não poderia haver, ao tentar comparar as duas realidades partidárias e o capital político dos dois líderes partidários.
O que se estranha e devo dizê-lo com muita franqueza, é a postura de alguns militantes do PSD-M, que não querem encarar estes dados concretos, este ‘pormaior’, e que acabam mesmo por servir a estratégia cafofiana, deixando-se levar por essa confusão circunstancial que o ainda líder do PS-M pôs a circular, com isso procurando lançar areia para os olhos dos incautos e, definitivamente, comparando o incomparável.
A esses militantes, do PSD-M, desafio a que não se deixem levar, nem pela narrativa da oposição (mais acentuada pelo PS-M, mas também percebida nos restantes partidos da mesma, que continuam a demonstrar não respeitar direitos primaciais de todo e qualquer cidadão), nem por agendas pessoais que não percebem o já referenciado e, lamentavelmente, menos ainda o excelente trabalho governamental que tem sido feito, quer no plano económico, como laboral e de valorização das nossas infraestruturas, trabalho esse que merece ser continuado, com uma maioria clara e abrangente, por forma a permitir uma governação ainda mais eficaz, em nome da Madeira e dos Madeirenses, razões únicas da nossa participação política ativa.