Venezuela acusa oposição de atacar cinco consulados incluindo em Lisboa
O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, acusou hoje a oposição de estar envolvida em ataques a instalações diplomáticas do país em cinco cidades estrangeiras, incluindo em Lisboa.
"Numa ação coordenada pelos 'comanditos' do fascismo ensandecido, várias sedes dos nossos consulados foram atacadas por extremistas que estão a causar os mesmos danos às nossas sedes diplomáticos que querem causar à nossa querida pátria bolivariana", acusou Yván Gil, sem apresentar provas, na plataforma Telegram.
Na mesma plataforma, Yván Gil pede celeridade nas investigações aos governos dos países onde aconteceram os ataques.
"Às autoridades de Lisboa (Portugal), Frankfurt (Alemanha), Medellín (Colômbia), Vigo (Espanha) e San José (Costa Rica), pedimos que sejam efetuadas investigações rápidas para encontrar os responsáveis e garantir a integridade das nossas instalações, tal como estabelecido na Convenção de Viena", afirma.
Na publicação, o ministro venezuelano partilha cinco imagens das sedes consulares que foram atacadas, sendo visível, entre outros, 'graffitis' pintados em paredes, cartazes do que parece ser o opositor Edmundo González Urrutia com uma faixa presidencial e uma varanda com fogo junto a uma bandeira, aparentemente da representação diplomática em Lisboa.
Numa das fotos é visível uma nuvem de fumo preto saindo por detrás da bandeira venezuelana na fachada do Consulado da Venezuela em Lisboa, que sofreu no sábado à noite um ataque com um engenho explosivo, que não causou vítimas ou danos de maior.
Segundo testemunhas relataram à PSP, pelas 22:00 uma pessoa atirou "uma espécie de cocktail molotov improvisado contra uma parede" da representação diplomática da Venezuela em Lisboa, que estava fechada àquela hora.
À Lusa, a fonte policial disse que nenhuma pessoa foi atingida e que só foram registados danos num estore, que ficou danificado.
"Parece ter sido mais um ato simbólico, uma vez que foi contra o edifício", acrescentou.
Segundo a mesma fonte, a Polícia Judiciária foi chamada e está a investigar o caso.
Ainda no sábado, referindo-se a este ataque, o ministro dos Negócios Estrangeiros venezuelano, Yván Gil, disse em Caracas que nenhuma agressão "descontrolada" impedirá a "revolução bolivariana".
Por outro lado, o representante do Governo venezuelano congratulou-se por, devido à rápida intervenção das autoridades portuguesas, não terem ocorrido danos de maior e manifestou-se confiante de que "as investigações iniciadas permitirão identificar os responsáveis e determinar as correspondentes responsabilidades".
O Governo português condenou, no domingo, o ataque de sábado à noite ao Consulado Geral da Venezuela, em Lisboa, chamando-lhe um "ato intolerável", tendo determinado um reforço da segurança, segundo uma nota.
Na publicação do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) na rede social X, o Governo português "condena veementemente o ataque ao consulado da Venezuela em Lisboa".
A tutela determinou ainda "um reforço imediato da segurança e a cabida investigação policial".
"É um ato intolerável", realça-se na publicação, salientando que "a inviolabilidade das missões diplomáticas tem de ser respeitada em todos os casos".
O Comando Com a Venezuela, da oposição, e várias organizações de venezuelanos no estrangeiro condenaram o ataque e pediram celeridade nas investigações às autoridades portuguesas a fim de encontrar os responsáveis.
Este episódio aconteceu depois de o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ter tomado posse para um terceiro mandato de seis anos -- na sexta-feira -- apesar de a oposição contestar os resultados das últimas eleições presidenciais na Venezuela.