ADN critica projecto de ponte suspensa na Ponta do Pargo
Partido fala numa "ponte para o abismo das prioridades erradas"
O partido ADN está contra a construção de uma ponte suspensa com fins turísticos na freguesia da Ponta do Pargo, tal como o DIÁRIO noticiou na última sexta-feira, 10 de Janeiro, salientando que "o governo regional, liderado por Miguel Albuquerque, continua a demonstrar que vive desconectado das reais necessidades do povo madeirense".
Para o líder regional do ADN, Miguel Pita, "a recente decisão de construir uma ponte pedonal suspensa na Ponta do Pargo é mais um exemplo das prioridades invertidas que têm caracterizado esta governação", reafirma. "Num momento em que os madeirenses enfrentam enormes dificuldades - com salários baixos, serviços públicos em decadência e jovens a abandonar a ilha em busca de um futuro melhor -, o governo decide gastar 1,6 milhões de euros numa obra que em nada resolve os problemas estruturais da Madeira. O pretexto do turismo é, mais uma vez, utilizado como desculpa para beneficiar as elites e perpetuar um modelo económico que explora muitos para enriquecer poucos", reforça.
Daí lançar a pergunta: "De que vale investir no turismo se, ao mesmo tempo, o governo ignora por completo os trabalhadores deste sector? É inadmissível que um dos pilares da economia regional continue a assentar em salários de miséria e condições de trabalho precárias. Não basta atrair turistas; é preciso garantir que o desenvolvimento económico se reflicta na qualidade de vida de quem vive e trabalha na Madeira."
Por isso, acreditam que "este governo parece obstinado em transformar a Madeira numa montra artificial, destruindo aquilo que a torna verdadeiramente única: as suas belezas naturais", exemplificado no caso da Ponta do Pargo, "um local emblemático, conhecido pelas suas paisagens deslumbrantes e pelo seu ambiente tranquilo. Em vez de proteger e valorizar este património de forma sustentável, o executivo prefere encher a região de infraestruturas desnecessárias que descaracterizam o território e beneficiam exclusivamente quem está no círculo privilegiado do poder".
E não ficam por aqui. "E o que dizer do campo de golfe que se planeia construir nas redondezas?", questiona Miguel Pita. "Parece que o governo quer repetir com o golfe o erro que já cometeu com o futebol: um campo em cada esquina, mesmo que isso não tenha qualquer sentido estratégico nem retorno significativo para a população. Em vez de promover actividades acessíveis e integradas, aposta-se em projectos megalómanos que apenas servem para enriquecer construtoras e alimentar a propaganda governativa".
Assim, o ADN-Madeira "condena veementemente este tipo de decisões, que demonstram um total desrespeito pelo dinheiro público e pela opinião dos madeirenses. Um governo que investe milhões em obras supérfluas, enquanto ignora as necessidades básicas da população, não está a governar para o povo. Está, sim, a governar para as elites, perpetuando um modelo de desenvolvimento desigual e insustentável. É tempo de exigir responsabilidade, transparência e prioridades claras", acrescenta.
Entende, em conclusão, que "a Madeira não precisa de mais obras de fachada. Precisa de um governo que proteja o seu património, que valorize os seus trabalhadores e que coloque as pessoas no centro das políticas públicas. Resta-nos perguntar: esta ponte servirá apenas como um adereço turístico, ou terá alguma utilidade concreta para a população local?".