Enfrentando barreiras sistémicas ao emprego para trabalhadores qualificados na Madeira

Esta carta serve como queixa formal acerca das significativas e sistémicas barreiras que enfrento na minha busca por emprego adequado na Região Autónoma da Madeira. Apesar de possuir valiosas competências e qualificações adquiridas através de dedicado desenvolvimento profissional, encontro-me constantemente obstaculizado por uma confluência de fatores que injustamente limitam a minha progressão profissional.

Em primeiro lugar, a ênfase predominante nas credenciais académicas, frequentemente excedendo os requisitos práticos de muitas funções, cria uma barreira artificial de entrada para indivíduos qualificados como eu. Tendo concluído com sucesso formações em Turismo Rural, Atendimento ao Balcão nos CTT, Assistente de Contabilidade, Fiscalidade e Gestão Administrativa, possuo um valioso conjunto de habilidades que é frequentemente ignorado devido à ênfase excessiva na educação formal. Isto não só desvaloriza o significativo investimento de tempo e recursos necessário para adquirir estas competências, como também perpetua um sistema que falha em reconhecer as diversas vias para a competência profissional.

Em segundo lugar, a discriminação etária representa um obstáculo significativo. Empregadores priorizam frequentemente a juventude, desconsiderando a valiosa experiência, maturidade e dedicação que os trabalhadores mais velhos trazem para a mesa. Isto não só desvaloriza as contribuições de profissionais experientes como também cria uma lacuna de competências na força de trabalho, privando a nossa sociedade da sabedoria e experiência das suas gerações mais velhas.

Além disso, o apoio prestado pelos centros de emprego muitas vezes fica aquém das expectativas. Embora priorizem os desempregados, indivíduos como eu, que procuram melhorar as suas carreiras e contribuir de forma mais significativa para a sociedade, são frequentemente desconsiderados. Esta falta de apoio à mobilidade ascendente na força de trabalho constitui uma falha crítica que prejudica o desenvolvimento do nosso capital humano.

O acesso limitado a oportunidades de emprego e serviços públicos em áreas rurais exacerba ainda mais estes desafios. Esta disparidade cria um campo de jogo desigual, dificultando o crescimento económico e o desenvolvimento social da nossa ilha.

Finalmente, devo abordar a influência subtil, mas perversa, da discriminação política. Enquanto membro ativo do maior partido da oposição na Madeira, acredito ter enfrentado formas subtis de exclusão e discriminação no mercado de trabalho. Esta experiência destaca uma tendência preocupante que mina os princípios de uma sociedade justa e equitativa.

Acredito que uma sociedade verdadeiramente próspera e equitativa deve valorizar as contribuições de todos os seus cidadãos, independentemente da sua formação académica, idade ou filiação política. Ao abordar estas barreiras sistémicas – reavaliando os requisitos educacionais, combatendo a discriminação etária, ampliando o apoio ao desenvolvimento profissional, garantindo acesso equitativo a oportunidades em todas as regiões e promovendo um clima político livre de discriminação – podemos desbloquear todo o potencial da nossa força de trabalho e criar uma economia mais inclusiva e dinâmica para todos os madeirenses.

Insta-o, como líder da nossa nação, a priorizar estas preocupações e implementar políticas que capacitem trabalhadores qualificados como eu a contribuir plenamente para o crescimento e a prosperidade da nossa ilha e do nosso país.

José Carlos Martins de Góis