Filha de Dominique Pelicot diz que ele deveria morrer na prisão
Caroline Darian, filha de Gisèle Pelicot defendeu que o seu pai merecia "morrer na prisão", após ser condenado a 20 anos por ter drogado a mulher para a violar e deixar que fosse violada por desconhecidos.
"Ele deveria morrer na prisão, ele é um homem perigoso", disse numa entrevista que será transmitida pela BBC Two na noite de segunda-feira, a primeira desde o fim do julgamento de Dominique Pelicot e dos restantes acusados de violação de Gisèle, em Mazan.
Com 46 anos, Caroline Darian, reiterou a sua convicção de que também ela foi vítima do pai, depois de ter visto fotos suas inconsciente, deitada numa cama e usando roupa interior que não reconheceu.
"Estou convencida de que fui drogada para ser violada [...], mas não tenho provas. [Dominique Pelicot] sempre negou, mas apresentou várias versões", lamentou.
No julgamento de Mazan, 51 homens com idades entre os 27 e os 74 anos foram considerados culpados e condenados por terem violado Gisèle Pelicot, cuja coragem foi elogiada e considerada um marco por rejeitar que o processo decorresse à porta fechada.
Segundo Caroline Darin, Gisèle teve dificuldade em aceitar a ideia de que o ex-marido também pudesse ter agredido a filha: "Para uma mãe é difícil assimilar isto tudo de uma vez".
No dia 21 de janeiro, a France 2 vai transmitir o documentário "Submissão química: para que a vergonha mude de lado", narrado por Caroline Darian que se tornou uma figura de destaque na luta contra este flagelo.
Durante o julgamento, do qual diz ser a "grande esquecida", teve um violento confronto com o 'pai' que foi instado a "dizer a verdade" sobre ela.
"Vais morrer com as mentiras! Sozinho, sozinho com as mentiras, Dominique Pelicot" disse-lhe Caroline, depois de mais uma vez o ter ouvido a negar estas acusações.
"Quando olho para trás não me lembro verdadeiramente do pai que acreditava que ele era. Vejo imediatamente o agressor sexual", disse Caroline à BBC, acrescentando que "há dois Dominiques que coexistem nele" e que "ele decidiu escolher o lado negro".
"Não sei se ele é um monstro, mas sabia perfeitamente o que estava a fazer. Ele não é doente", acrescentou.
Dominique Pelicot, de 72 anos, foi condenado em 19 de dezembro a 20 anos de prisão pelo Tribunal de Avignon, no sul de França, por violação agravada.
Pelicot, que admitiu ter violado e drogado com ansiolíticos a vítima durante anos para ser violada por dezenas de desconhecidos recrutados na Internet, foi condenado com a pena máxima em França, tendo já anunciado que não vai recorrer.
A esta pena de prisão está associada uma pena de segurança de "dois terços", segundo o presidente do tribunal criminal, Roger Arata, que indicou que no final da pena, a situação de Dominique Pelicot "será sujeita a uma revisão para avaliar a sua segurança".
O principal arguido foi também considerado culpado de filmar e possuir imagens tiradas sem o conhecimento de Gisèle, de 72 anos, tendo registos de quase 200 violações, mas também por ter imagens da filha e das noras.